Texto e fotos por Aline Marques
Juventude dançando na pista. Jogo de luzes, máquina de fumaça, djs e música alta. Um observador menos atento pode pensar em jovens perdidos, talvez até envolvidos com drogas. Mas o conteúdo das letras, todas elas retiradas de orações tradicionais da Igreja Católica, revela a finalidade desses embalos de sábado à noite.
São as cristotecas, a resposta que a conservadora Igreja Católica encontrou para se reaproximar dos jovens que perdera com as restrições e proibições que costumava fazer. Fernanda da Silva Almeida, uma estudante de 17 anos, já participou de vários eventos desse tipo.
"Acho esses eventos maravilhosos, que a cada dia vem resgatando mais jovens", diz essa moradora de Comendador Soares, que freqüenta a paróquia São Francisco de Assis.
Uma das pessoas que pode ser encontrada em uma cristoteca é João Ferreira, o padre da paróquia freqüentada por Fernanda. Conservador como a instituição a que pertence, ele confessa que no começo era contra a idéia de colocar músicas de Deus no ritmo do forró, funk e samba para as pessoas dançarem. "Achava uma falta de respeito", admite.
A primeira cristoteca de que participou teve o poder de uma revelação para o padre, que mudou como a sua Igreja. "Adorei e continuei indo", revela. "Hoje em dia vejo como as igrejas mudaram e junto com ela as pessoas, principalmente os jovens."
Adriana Salles sempre vai a um cristoteca quando está enfrentando algum problema pessoal. "Eu sinto uma enorme alegria", diz ela, que se esquece de tudo quando chega a uma dessas festas cristãs. "Só penso em dançar e louvar."
Embora o objetivo principal dessas festas seja a comunhão com Deus, as cristotecas também servem como cenários para grandes histórias de amor. Esse foi o caso da própria Adriana, que está esperando um filho de uma relação iniciada em uma festa desse tipo. "Foi em uma cristoteca que conheci o meu marido." Aquele evento, que Adriana considera abençoado, ocorreu há quatro anos.
Da mesma forma como acontece com Adriana, uma grande paz e uma imensa sensação de alegria invadem o coração do estudante Renato Pereira. Mas ele admite que no começo ia para as cristotecas mais interessado em namorar do que em se encontrar com Deus. "Só depois que eu passei a vir para esquecer os problemas do mundo lá fora", conta. Para Renato, as baladas da Igreja católica também são um ótimo espaço para fazer amigos. "Já fiz muitas amizades e graças a Deus continuam até hoje."
Fernanda da Silva Alves tenta atrair pessoas de outras religiões para as cristotecas. "Eles vão, gostam e querem voltar", conta a estudante. É assim que muitas dessas começam a participar das missas e de grupos jovens, descobrindo o que a Igreja tem a lhes oferecer. "Acho isso importante para a juventude, já que a cada dia eles se perdem mais no mundo", acredita Fernanda.
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