Por Flavia Ferreira
Cria da Nova Holanda, uma das favelas do Complexo da Maré, o produtor social Edilso Gomes Maceió tem mais histórias para contar do que em tese lhe permitem os seus 45 anos de vida. "Já estava envolvido em projetos aos 10 anos de idade, quando a maioria dos meus amigos ainda estava soltando pipa na laje", afirma ele. Trinta anos depois, ele estaria à frente do Cisane, uma das mais importantes ongs de Nova Iguaçu, com 12 mil nomes cadastrados, 2 mil famílias assistidas, parcerias com CDI e Afro-Reggae, além de dois pontos de cultura conveniados com o Ministério da Cultura.
Foi uma trajetória longa e sinuosa, com passagens em diversas comunidades do Rio de Janeiro. "Trabalhei em Catiri, Bangu, Vila Cruzeiro, Cantagalo, Formiga, Juramento e Rocinha, entre outras favelas do Rio de Janeiro", cataloga este andarilho, que em 1996 chegou a Nova Iguaçu, mais precisamente para o bairro de Nova Era. O projeto que deu origem a tudo isso foi o Palco sobre Rodas, no qual ele coordenava uma oficina de recreação com as crianças. Mas o projeto que catapultou a carreira de Edilso Maceió como produtor social foi Criança Feliz, com o Afro-Reggae.
A Nova Holanda em que Edilso Maceió nasceu era totalmente dessa de que diariamente ouvimos falar pelos grandes jornais, que por um lado é controlada pelo Comando Vermelho e por outro tem projetos sociais da envergadura do Observatório de Favelas e Luta pela Paz. "A casa em que eu nasci era uma palafita, que não tinha nem esgoto nem água encanada", lembra o produtor social. A primeira luta de que participou, com o auxílio luxuoso do pai, foi catar água na Avenida Brasil. "A gente levava para as pessoas da Nova Holanda."
Seu engajamento espontâneo chamou a atenção dos movimentos sociais da Nova Holanda, comandados por uma Igreja Católica totalmente comprometida com a chamada Teologia da Libertação. "Eu era tão participativo que me chamaram para ser o diretor social da associação de moradores da Nova Holanda", lembra. Edilso tinha apenas 16 anos.
Na associação de moradores, conheceu as pessoas que mais tarde criariam o Observatório de Favelas, uma das mais importantes ongs cariocas com atuação em comunidades populares. Nessa época, Edilso trabalhava com animação, latas, caixotes, bonecos, enfim, tudo que pudesse ser reaproveitado. "Tudo isso surgiu do próprio trabalho da comunidade da Nova Holanda para se criar um movimento social", diz ele.
Durante esse processo, surgiu o convite da Prefeitura do Rio para trabalhar como animador cultural nas escolas como animador cultural. Tornou-se então um cidadão carioca, com braços que abarcavam comunidades que iam da Zona Sul à Baixada Fluminense. "Com essa história de não conseguir parar em um lugar só, acho que tenho que estar em todos ao mesmo tempo."
Sua vida deu uma nova guinada em 1995, quando começou a fazer uma oficina de brinquedo e uma de contação de história na Casa da Paz, em Vigário Geral. "A gente colocava um monte de livros em uma mala e ia para a favela", conta o produtor social. "Chegando lá, jogávamos os livros no chão, nos vestíamos de palhaço e íamos atrás das crianças", acrescenta.
Uma das histórias contadas na oficina o remeteu à própria experiência vivida em Vigário Geral. "Foi ´O flautista de Hamelim´, que conseguiu tirar os ratos da cidade tocando o seu instrumento." Em Vigário Geral, as crianças o seguiam pela favela quando o viam com livros na mão. A Casa da Paz foi pequena para o número crianças e jovens que Edilso atraiu com seus livros.
O sucesso na Casa da Paz o levou a criar um projeto no Afro-Reggae chamado Criança Feliz e esse, por sua vez, o trouxe para Nova Iguaçu, mais precisamente para uma comunidade chamada Nova Era. "Minha irmã me convidou para eu morar aqui", resume. Trazia na bagagem a oficina de percussão do Afro-Reggae, que os jovens de Nova Iguaçu adoraram. "Eles começaram a perguntar o que deviam fazer para participar da ong de Vigário Geral", lembra. "É só pegar um ônibus e ir para lá, eu dizia.
O elevado custo de passagens obrigou-os a transitar na direção contrária. "Ao invés de eles irem para Vigário, o Afro-Reggae veio para cá." O andarilho Edilso viu que era chegada a hora de criar o Cisane, uma ong constituída nos moldes do Afro-Reggae com o objetivo de resgatar os jovens do narcotráfico a partir de atividades educativas, lúdicas e culturais. "Nós promovemos atividades socio-educativas, oferecemos cursos de qualificação e trabalhamos com a própria família, num processo de dar a todos a oportunidade de ter um futuro melhor, viver com dignidade e de ser respeitados seus direitos, percebendo também quais são os seus deveres dentro de uma comunidade", discursa.
As relações com o Afro-Reggae colocaram o Cisane em uma rede para lá de especial, com padrinhos do peso de um Zuenir Ventura, de um José Junior e de um MV Bill. "Todos eles participam da direção executiva da ong", revela Edilso. Com esses apoios, Edilso conseguiu fazer parcerias com todas as instâncias de governo, bem como com as principais instituições privadas de fomento a projetos sociais. Nova Iguaçu agradece. E corre atrás del
É isso ai Edilso, parabéns pelo excelente trabalho eu como moradora e colaboradora q fui durante muitos anos agradeço a você e a Instituição pelas mudanças em minha vida, o CISANE foi como uma escola de aperfeiçoamento para minha vida profissional e social.
ResponderExcluirObrigada e parabéns!