

Por Daniel Santos
Imagens: Daniel Santos e sugadas da internet
As invasões, que começaram com apenas três pessoas, foram se multiplicando a partir da entrada em cena da Igreja católica. Mas restaram apenas 53 famílias das 270 existentes no auge das ocupações. Pode-se atribuir essa queda à violência policial, que resultou inclusive em algumas vítimas fatais. Algumas autoridades acreditam que o número ideal de famílias assentadas seja de 25.
Alagados
"Hoje em dia não há repressão, mas falta apoio à produção", protesta Geraldo, presidente da associação de lavradores da Fazenda São Bernardino. É por isso que a propriedade não tem muito o que comemorar, pois, longe de ser uma área de produção, a ocupação se tornou mais um local de moradia. "A renda que devia vir da pecuária e da agricultura na verdade vem do nosso trabalho lá fora, geralmente na cidade."
O problema não se restringe à falta de incentivos financeiros. O presidente da associação de lavradores lembra de um coqueiral que teve que ser abandonado devido à ausência de técnicos, para dar assistência principalmente na irrigação. Também foi por água abaixo um projeto de criação de cabras incentivado por um dos governos nestes últimos 22 anos. "Como vou criar cabrito em um lugar alagado?", ironiza o agricultor.
Lavagem para os porcos
Geraldo chegou a ter 480 porcos no seu lote, que alimentava com a lavagem que conseguia em idas diárias ao supermercado Guanabara. "Sem dinheiro para manter meus animais, vendi todos eles a preço de banana", conta ele, cuja criação foi reduzida a oito porcos e a 28 cabras. O pior de tudo é que, além de vender por um preço irrisório, Geraldo levou um cano do comprador.
As 53 famílias estão aguardando a festa do próximo dia 26 de junho como uma luz no fim do túnel. "Estamos mobilizando quem pode trazer uma solução para os nossos problemas", conta Geraldo. Além dos 22 anos da ocupação, os lavradores estão comemorando sete anos da própria associação e um ano da criação da biblioteca comunitária, onde podem ser encontrados mais de 10 mil títulos. Já confirmaram presença entidades do governo federal, estadual e municipal.
O Pacto pela Paz também se alimenta dos grupos reflexivos criados para proteger as mulheres da violência dos homens. Nas ações deslanchadas a partir da entrada em vigor da Lei Maria da Penha, decidiu-se que o amparo legal dado às mulheres agredidas deveria ser somado a grupos reflexivos formados pelos agressores dessas mulheres. Outro projeto que amplia a rede do pacto é o Favo, um grupo reflexivo que atende familiares de vítimas de chacinas.
Por Breno Marques e Paulo Nino
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