sábado, 8 de novembro de 2008

Uma expressão familiar

Jovens repórteres iniciam na própria casa série de reportagem sobre o uso da palavra
na família

Por Luiz Felipe Garcez

Que o diálogo dentro da família é importante, a grande maioria já sabe. Porém, em quais locais, o porquê e como a conversa é utilizada na família não é um assunto explorado.

Em um bate papo entre os jovens repórteres da Escola Agência de Comunicação, uma parceria do Bairro Escola e a Secretaria de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, as diferenças e semelhanças entre as famílias eram claras. Cada um ali tinha sua particularidade. Cada família tinha a sua forma de dialogar.

Jéssica Oliveira e Tatiana Sant'ana contam que a conversa em suas famílias é na cozinha enquanto nas casas de Larissa Leotério, Desiree Raian e Nathany Rabello é na sala. Mais especificamente, Nathany conversa com a mãe após o seriado House, o preferido da família. Desiree conversa com a mãe no sofá. "Eu gelo quando ela aponta o sofá para mim", diz a estudante.

Luana Mendes, por sua vez, diz que a conversa na sua família acontece no quintal "É que a casa é pequena e a família é grande", afirma. As conversas da família de Luiz Felipe Garcez variam conforme as preferências de cada um dos seus pais. Com a mãe, é no quarto. Com o pai, é no carro. O lugar mais inusitado desses diálogos, no entanto, é o de Marcelle Pereira. "A maioria dos nossos papos é no MSN", confessa.

Conversa demais, conversa de menos. Cada um dos jovens repórteres tem as suas próprias lembranças de conversas marcantes. Jessica se lembra de quando, aos nove anos de idade, reuniu o pai e a mãe para discutir seu futuro. "Quero ir para escola pública", disse ela para os pais. O motivo para que ela reunisse os pais para essa conversa era a crença de que a escola pública poderia resolver tanto o seu futuro quanto as suas necessidades de consumo. "Prefiro que você gaste comigo o dinheiro que vocês pagam a mensalidade da minha escola."

Luiz Felipe Garcez não esquece os dois acidentes de que escapou com seu pai numa viagem para Macaé, feita em menos de duas horas. "Meu pai e eu colocamos o papo em dia enquanto ele dirige." Mais recentemente, Tatiana foi marcada pela conversa que teve com a mãe a respeito de sua primeira viagem sozinha. "Eu ia para São Paulo, fazer a cobertura do evento Itáu Cultural pela Agência de Comunicação", lembra a jovem repórter, que até então muito mal havia saído de Nova Iguaçu.

Larissa conta que a mesma sala dos assuntos rotineiros foi palco para uma das conversas mais dificeis com sua mãe. "Foi no dia que ela descobriu que eu fumava", conta Larissa. Marcelle, por outro lado, conta que após uma discussão com seu ex namorado, sua mãe trocou o mundo virtual pelo real e teve uma conversa bastante exaltada tanto com ela quando com o ex-namorado da filha.

A palavra nessas familias é inteiramente ligada ao local aonde elas acontecem, seja esse local a sala, o quintal, a cozinha ou carro. Cada um tem um significado e cria condições para que cada tipo de conversa aconteça.

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