sábado, 8 de novembro de 2008

Diálogos em família
Por Gesseca de Lourdes, Vanessa dos Santos, Jéssica Aureliano, Jéssica Guimarães, Patrícia Toledo e Jeisiane Caetano

A comunicação presencial é um elemento fundamental na relação familiar. Mesmo assim, ainda encontramos jovens que sentem falta dessa proximidade com seus parentes para conversar abertamente sobre qualquer assunto. Esse é o caso do estudante Wesley Caetano Paulo, de 19 anos. Nascido no bairro Palhada, município de Nova Iguaçu, e filho de pais separados, Wesley revela que só tem tempo de conversar com a sua mãe, que trabalha apenas duas vezes na semana. "Ela está sempre comigo. Quando eu acordo, nós sempre conversamos. Quando eu saio, ela me liga para saber se eu estou bem e a hora que eu vou voltar para casa", diz.

Por outro lado, esse jovem flamenguista da Palhada reclama da falta do pai. Segundo ele, sua mãe não seria a melhor pessoa para conversar de assuntos íntimos, como namoro, por exemplo. "eu acho que se eu falasse com o meu pai, ele entenderia", desabafa o estudante.

Ao contrário de Wesley, que sente falta da figura paterna para um papo franco, a estudante Jéssica de Jesus Guimarães, 17, mora com os pais e mantém uma boa comunicação com eles. "Eu e minha família conversamos sobre tudo. Com o meu pai falo mais sobre filmes, futebol e planejamos o meu futuro. Com a minha mãe, falo coisas de menina”, revela.

Mesmo tendo abertura para conversar com o seu pai, Jéssica diz que não se sente à vontade para conversar sobre todos os assuntos com ele. "Quando eu chego da escola, às 23h, meu pai já está dormindo. Mas a minha mãe sempre está acordada para saber como foi o meu dia. Minha mãe me entende melhor. Com ela eu posso falar sobre qualquer coisa”, conclui a estudante.

Para Jéssica, conversar com sua mãe é muito importante porque esclarece algumas duvidas evitando decepções futuras.

O cotidiano e suas barreiras
A Assessora de gabinete Sandra Baroni, que trabalha na Secretária de Cultura de Nova Iguaçu, valoriza muito os momentos de união entre ela e sua filha, Luciana Baroni, que hoje tem 32 anos. “Ela é o meu tesouro. Sempre que posso, tento passar minha experiência para ela”, explica.

Sandra sempre foi uma mulher independente, nunca deixou de trabalhar. Até o seu oitavo mês de gravidez, a assessora não largou o batente. Após sua licença maternidade, Sandra voltou a sua rotina na empresa. Foi a partir daí que a distância entre mãe e filha se instalou. Sandra, a mãe da pequena Luciana, não teve escolha a não ser deixar a filha aos cuidados de terceiros. “Eu tinha babá, minha mãe e minha família sempre me apoiando e dando estrutura familiar”, diz.

Mesmo com essa distância provocada pelo cotidiano, Sandra Baroni sempre procurou suprir sua ausência. “Quando eu chegava em casa, ficava com ela. Aos domingos, levava para o cinema e teatro. Eu compenso o pouco tempo com a qualidade de tempo”, disse.

A filha de Sandra cresceu, ingressou na Faculdade de Odontologia, arrumou um emprego fixo e está namorando há 1 ano. Agora, por causa dos compromissos da filha, Sandra se sente sozinha, muitas vezes sentindo uma pontinha de ciúmes. “Minha filha agora está namorando. Ela passa bastante tempo com o namorado, e eu acabo mesentindo sozinha”, reclama a mãe coruja.

Tecnologia contra a distância
Alguns experimentos tecnológico da atualidade buscam aproximar as pessoas diante da inevitável correria do dia-a-dia. No caso de Jéssica da Silva, 19 anos, o celular é o único meio dela se comunicar com seu pai, Celso Moreira, de 49 anos. Segundo a moradora Comendador Soares, seu pai liga para ela mais de seis vezes por dia. Ela explica que o exagero de ligações deve-se ao fato dela ser filha única, e de pais separados. A jovem mesmo assume que é muito mimada pelo pai. “Ele me liga para saber se eu estou bem, se já almocei ou jantei, onde estou e com quem estou’, revela a jovem.

Jéssica acha muito importante a preocupação de seus pais. Segundo ela, o fato de seus pais serem separados não prejudicou sua relação com eles, pois seu pai sempre está ligando para ela. “Amo muito meus pais”, afirma.

Se por um lado as tecnologias aproximam, por outro, elas acabam afastando ainda mais. Se para algumas famílias o celular se tornou indispensável para o diálogo, para outras ele se tornou o meio mais “neurótico” de controlar os filhos. Quem diz isso é a jovem Gesseca de Lourdes, de 19 anos. Ela revela que não vive sem o seu celular, mas se tem algo que a deixa muito irritada é quando o seu pai, Narciso Mariano, de 47 anos, fica ligando 24 horas por dia atrás dela.

“Meu pai se preocupa demais, pois sou a única filha mulher. Por ele me ligar tanto, acaba me deixando chateada, pois perco minha liberdade. Isso enche o saco! Ficar pegando no meu pé é a coisa que eu mais odeio. Às vezes, desligo o aparelho para ficar livre”, explana.

A televisão também é um veículo de comunicação bem controverso na relação familiar. Em alguns casos ela acaba afastando muito o diálogo entre pais e os filhos, pois, em casa que têm mais de uma TV, as pessoas costumam se isolar em seus quartos e não querem conversa. Já nas casas que só há uma TV, a briga pode acontecer pela preferência de um ou outro canal. “Enquanto uns querem ver novela, outros querem assistir jornais”, diz a jovem Vanessa dos Santos, moradora do bairro Jd. Aymoré.

Na casa de Vanessa, 21, a TV afasta bastante, pois tem uma em cada quarto. Por isso, aquele momento família de saber o que o outro está fazendo, muitas vezes não acontece. “O diálogo só acontecendo no famoso domingo. A televisão só une em época de copa do mundo, quando o time do coração está jogando, ou até mesmo em finais de novelas”, alfineta.

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