quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pau pra toda obra

MÃES EDUCADORAS

Mãe educadoras agem como donas de casa dentro das escolas
por Lucas Lima

Em Nova Iguaçu, as crianças das escolas municipais não contam apenas com o apoio, carinho e atenção dos professores. Elas também podem contar com as Mães Educadoras, que são mães de alguns alunos. Porém, essas mães não desempenham o papel apenas de mães dos seus filhos, mas de mãe de todas as crianças da escola. Elas ajudam e contribuem na hora do almoço das crianças, na hora do banho, na escovação dos dentes, entre diversas outras funções.

“Elas são pessoas que doam parte do seu tempo para contribuir com a educação das crianças nas escolas”, diz a secretária adjunta da Educação Maria Bernadete de Oliveira Rufino, 44 anos, coordenadora do projeto das Mães Educadoras. Inicialmente, o papel das
mães era desempenhado pelos alunos de formação de professores, ou seja, jovens. Com essa troca foi observado o principal fator que difere os alunos e as mães, a relação do jovem com a criança e do adulto com a criança. “Percebemos que precisávamos da visão adulta, da experiência das mães, das tias e avós dentro da escola”, acrescenta Bernadete Rufino.

A coordenadora conta que as mães educadoras conseguem até pôr sob o chuveiro as crianças que não são muito chegadas à hora do banho. “Elas utilizam várias estratégias. Toda mãe tem experiência com criança. Sabe a manha de levar uma criança para o chuveiro e para almoçar. Tudo isso com muito carinho e afetividade”.

O projeto, que teve início em março de 2007, é especial para Bernadete. O avanço do projeto é visível a todos. Antes, as mães se limitavam ao portão da escola ou então era convidada apenas para ouvir que o filho não estava indo bem nos estudos. Hoje a participação é outra. “Elas estão dentro da escola vivendo o cotidiano dos filhos,
dos profissionais. Isso rasgou as cortinas da educação em Nova Iguaçu.

Outros fatores positivos também são facilmente identificados. As mães educadoras estão conseguindo contagiar as mães que não participam do projeto, usando uma linguagem apropriada para lidar com elas. “A outra mãe compreende com muita facilidade o que a mãe educadora diz”, conta a coordenadora. Outra grande contribuição das mães educadoras é usar o diálogo para coibir a violência no ambiente escolar. Se ela consegue estabelecer uma relação entre uma criança que se desenvolve bem na escola e uma que tem um pouco mais de dificuldade, ela está conseguindo aproximar os conhecimentos.

“A criança é um ser muito puro, ela consegue perceber a afetividade onde ela está. Então elas buscam muito esse carinho, o colo da mãe educadora”, descreve Bernadete. Muitas crianças não têm mãe, pai, avó ou uma tia. Não ganham um beijo. Então ela conta com
essa figura da mãe educadora. “Uma vez uma criança chegou para mim e disse: ‘Tia, eu tô
adorando você. Você é melhor que a minha mãe, porque você me dá carinho e abraço’”, lembra a mãe educadora Selma Rosa Cedano, de 44 anos, da Escola Municipal Julio Rabelo. Mas essa é uma via de mão dupla, onde as mães também têm muito o que aprender com as crianças. “Eu odiava jogar dama e, lá, eles me incentivam a jogar. Já estou até pensando em montar um campeonato”, entusiasma-se a mãe, moradora de Comendador Soares.

Além de cuidar das crianças com todo carinho e afeto, elas atuam como ‘donas de casa da escola’. “Elas não se pautam naquelas questões menores de relacionamento, elas querem saber do telhado, do pátio, da cozinha, se está tudo preparado para a merenda, enfim, elas querem fazer a escola funcionar”, conta Bernadete, dizendo que elas são aliadas de todo o processo educacional.


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