quarta-feira, 8 de julho de 2009

Espeto de ferro

CERÂMICA

Exposição no Espaço Sylvio Monteiro mostra faceta multimídia de Anderson Dias
texto e fotos de Flávia Ferreira

Até o dia 19 deste mês o Espaço Cultural Sylvio Monteiro será o tablado da exposição "Ferro e Fogo - experimentações", de Anderson Dias. A exposição, inaugurada no dia 24 de junho, faz referência ao momento de liberdade de experimentações vivido pelo artista, que traz para a mostra a unidade e como as obras são construídas. O convite surgiu em uma conversa com Sylvia Regina, da Secretaria de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu. Ela, em conjunto com Jorge Cardoso, cederam o espaço para a exposição de 30 peças feitas de sucata, que foram soldadas e construídas em um ateliê-oficina que o artista mantem em sua casa.

Durante o processo de construção, existem duas formas de criar as esculturas. Uma mais planejada e outra mais livre. No entanto, em ambas, os materiais e a técnica utilizada para produzir as obras são as mesmas. "Todas as coisas são soldadas. Meu pai trabalha há quase 40 anos com metalurgia e eu sempre tive facilidade com esse tipo de ferramenta", disse ele. Mas o estímulo decisivo para a produção de suas peças veio durante uma visita ao Museu do Folclore, no Catete. Lá, Anderson viu a exposição de obras de arte feitas com ferro. O que mais chamou a atenção dele foi o fato de artistas sem formação acadêmica terem a sensibilidade e vontade de fazer a cultura acontecer.

O estímulo de casa facilitou sobremaneira a manipulação desses objetos. "Desde pequeno eu via meu pai construindo coisas com ferro. Ele é meio Professor Pardal. Junta uma banana e uma cabeça de fósforo e faz uma banana de dinamite. Ele é o Magaiver de casa", orgulha-se.

Em 2007, ele começou a incluir em sua rotina diária momentos trancados no ateliê para produzir suas obras em ferro forjado. "Às vezes trabalho à noite, isso me da muito prazer. No entanto, o tempo de execução, de fazer a peça, é muito menor do que o tempo que eu perco pensando na ideia. Às vezes fico dias pensando no que eu quero construir. Mas em alguns momentos é extremamente rápido", explica.

Perfeccionismo
Talvez o fato de Anderson ser um perfeccionista prolongue esse processo. "Eu acho que sou perfeccionista. Não sei se dá para generalizar e dizer que todos os artistas são. Seria tão bom falar que os médicos são perfeccionistas, mas nem sempre isso ocorre. Assim como eu acho que na arte também não sejam. Talvez esteticamente sejamos, pois trabalhamos com imagem", reflete. Anderson afirma também que o senso de perfeição que trouxe dos palcos, ele levou para as esculturas. "A organização é o ponto de relação do teatro e da escultura, tanto na forma que essas se organizam em um espaço como elas se ligam uma a outra e aos seus movimentos".

Atualmente, Anderson Dias se divide entre as várias funções do meio artístico para manter uma condição razoável de vida. Mas esse não é nenhum sacrifício comparado à dificuldade que um artista tem para se manter na profissão. "É um mercado complicado, você precisa pagar suas contas, resolver sua vida, e fica preso a essa profissão de ator. Fiquei os cinco primeiros anos só como ator e digo que sobrevivi nesse período assim, mas chegou um momento que eu precisava e queria fazer outras coisas".

Pensando assim, agora ele trabalha como ator, escultor, produtor e diretor do Nós da Baixada, núcleo do Nós do Morro na Cerâmica, que é parceiro do Bairro Escola desde a época em que a Lona Cultural ficava dentro da Escola Municipal Douglas Brasil. Além disso, ele cursa a Escola de Belas Artes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com habilitação em cenografia. Mesmo com a confusão que é a vida de Anderson, ele não reclama e diz que não conseguiria viver sem essa loucura do seu dia a dia.


Interatividade:
Você já pensou em ser artista?

Um comentário:

  1. Eu já pensei em ser Engenheiro Eletronico. Fiz cursinhos profissionalizantes e o técnico na faetec. Desde pequeno desmontava rádios e relógios de corda pra "montar" robôs e construir navios com motor.Meu sonho era inventar um controle remoto pra lâmpada do meu quarto pra não perder o sono. Desisti por causa da matemática
    Já pensei em ser desenhista, inclusive pela EBA da UFRJ me preparei pro THE mas não consegui inseção.
    Já pensei em ser cantor, desde pequeno componho letras. No inicio eram funk melody quando compus o "A distância 2", uma versão pro Claudinho e Buchecha 8 anos depois "nosso sonho ainda não terminou..." Depois foi pagode meloso estilo Katinguelê, Arghhhh!!! Até chorava cantando.. rs rs rs Agora o amor que canto pra Estrela da Manhã.
    Já pensei em ser músico, aprendi o pandeiro com 15 anos e fazia sucesso no Espirito Santo (lá quase ninguém sabe). Tentei aprender teclado mas só solado, violão só sem pestana e agora minha meta é a bateria. Adoro so som cadente dela. O jeito é usar oprograma Sound Forge.
    Já pensei em ser escritor. Escrevi um livro chamado "a cura para o coração" em um caderno de capa dura de 96 pgs. tem cerca de 15 capítulos e é um romance adolescente. Escrevi poseisas contos e cronicas que ficavam no computador. Meu sonho era publicar um livro.Realizei parte desse sonho com o Projeto Jover Reporter
    Já pensei sem ser designer. Aprender a cortar a cabeça das pessoas e colocar em outro corpo, me tirar de cabuçu e colocar em Miami Beach. Essas coisas de Photoshop, Corel pra fazer outdoors e capas de revista.
    Ja pensei em ser radialista, guardei 20GB de musicas no computador pra construir uma radio comunitaria no meu bairro. Mas sakumé né? MP3... sem corporight ... e a voz...
    Já pensei em ser fotógrafo, cada viagem eu tiro mil fotos. cada coisa que eu faço eu tiro fotos. Só da minha noiva amada eu tenho 5000. MAs sabem como é né, ela é linda demais e eu não enjoo. Mas gosto também de paisagens. Sou "Topófilo". Um dia eu chego lá.
    Parte desses meus sonhos estão no site www.geoeducador.xpg.com.br Desenhos, Poesias, contos e cronicas, Desenhos, Fotos, Gráficos e Logotipos, Um pouco do que eu pensei em ser e que a Internet me possibilitou trazer à tona. Se isso é loucura eu não sei mas se quiserem conferir não custa nada. E quem quiser compartilhar uma dessas doideiras é só dizer.
    Acho que até o lanterneiro Reco que está soldando o meu fusquinha também é artista. Um abraço para ele!!!! e parabens ao Anderson, seu sonho está exposto!!

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