quarta-feira, 15 de julho de 2009

Passarela reciclada

JARDIM PERNAMBUCO



Lixo, criatividade e apoio da comunidade reciclam festa julina da José Ribeiro Guimarães
por Hosana Souza e Jefferson Loyola


Depois do interesse dos alunos nos trabalhos escolares feitos durante as comemorações do dia internacional do meio ambiente, o conselho técnico administrativo pedagógico da Escola Municipal José Ribeiro Guimarães, em Jardim Pernambuco, resolveu reciclar o tema de sua festa julina. Literalmente.

"O Arraial da Reciclagem foi uma ideia para incentivar as crianças a preservarem o meio ambiente, ensiná-las a importância dos materiais que para muitos não têm serventia e mostrar aos pequenos que tudo isso pode ser usado de uma maneira criativa", diz Sandra Cristina Mattos, 46 anos, Coordenadora Político-Pedagógica da escola. A forma escolhida para mostrar aos convidados da festa que o lixo pode ser transformado em arte e utilidade foi por meio de um desfile de roupas com materiais reciclados. A ideia partiu da mãe de uma das alunas.

A costureira Adriana Teixeira tomou conhecimento do arraial por meio de sua filha, a estudante do 5º ano Rafaela Teixeira. Embora a filha estude em Jardim Pernambuco, ambas moram em Mesquita, município onde Adriana desenvolve esse trabalho em sua igreja. "Eu trabalho com costura desde os 18 anos e sempre quis fazer moda, trabalhar com desfiles; mas aí eu entrei no mundo da reciclagem e comecei a fazer coisas com jornais e outros materiais.

No começo era só na igreja, mas o pessoal gostou tanto que agora eu quero investir mais nisso. Quero lançar moda a partir da reciclagem", conta, orgulhosa de seu trabalho. Adriana recebe grande apoio da família desde seu primeiro desfile em Mesquita: "Ele foi feito em minha igreja, no dia das mães. Todos adoraram!", relembra a mulher, que integrou a reciclagem em seu dia-a-dia.

Para desfilar seus modelitos, ela conta com a ajuda de seus filhos e sobrinhos, que se divertem com a imaginação de Adriana: "Acho muito interessante, ela aproveita tudo, faz coisas diferentes, mostra que tudo pode ser aproveitado", comenta Camila Ramos, sobrinha de 15 anos.

Não é somente sua família que dá gás à sua atividade. "Sou privilegiada, pois eu também conto com a ajuda de minha amiga Maria Luisa Gonçalves, que, além de ser sonhadora e colaboradora, sempre acreditou em mim". Maria Luisa participou ativamente da confecção do vestido com cartões telefônicos e colaborou com o projeto de Adriana desde o inicio. "Na verdade esse é um sonho, um projeto nosso de muito tempo que não saía da teoria".

Processo de criação
Toda e cada peça produzida é feita com muito carinho e dedicação. Mesmo tendo um grande trabalho na confecção dos modelos, no final sempre vale a pena. Um exemplo disso é o vestido de noiva apresentado no desfile da escola de Jardim Pernambuco, que demorou dois dias para ficar pronto. Nele foram usados 360 copos plásticos.

"A demora maior foi porque eu tive que costurar tudo; nada é colado. Mas uma roupa simples, pegando firme, leva em média duas a três horas pra ser feita", conta.
Adriana não se inspira em ninguém: "Sou eu que invento os modelos, tirando-os da minha cabeça. Não quero imitar nada de ninguém". Adriana é a prova de que a imaginação somada à ação resulta em conscientização. "Meu desejo é educar de alguma forma, nem tudo que se joga fora é lixo", revela.

Seu sonho é investir, aprender e melhorar para um dia montar uma grife. A simpática costureira que "causou" com seu desfile se diz feliz e espera ter tocado todos os presentes. E pra finalizar fica aqui uma frase dita pela visionária estilista: "Cada um é belo à sua maneira, assim como a proposta do 'novo' com a reciclagem".

Interatividade:
Conte o dia em que você conseguiu se vestir bem.

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