"A cultura é uma cobra que morde o próprio rabo", disse o jornalista Almeida dos Santos, um dos maiores inimigos do governo Lindberg Farias. Com essa frase de efeito, o jornalista justificou sua presença na solenidade de posse dos 12 membros do novo Conselho Municipal de Cultura de Nova Iguaçu na noite da última quinta-feira, no teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Apesar das chuvas que castigaram a cidade, a classe artística foi em peso prestigiar o evento. Também estiveram presentes Delmar Cavalcante e Jonathas Garré, secretários de Cultura de Mesquita e Queimados, respectivamente. A festa se estendeu até as primeiras horas da madrugada.
A solenidade foi aberta com um breve discurso do poeta Jorge Cardozo, sub-secretário de Cultura e Turismo e um dos mais antigos militantes da cultura em Nova Iguaçu. Depois de tratar o evento como "uma festa para um ano de muitas batalhas", ele anunciou o nome das pessoas que compuseram a mesa: o cineasta Marcus Vinicius Faustini, o vereador Carlos Ferreira e a poeta Ivone Landim. Lúcia Pardo, a representante do Minc no Rio de Janeiro, ficou presa no engarrafamento da Avenida Brasil e não chegou a tempo de participar da mesa.
Falando em nome da classe artística de Nova Iguaçu, a poeta Ivone Landim leu um longo texto no qual tentou fazer um histórico da "luta pela arte e pela cultura". Apareceram aqui e ali referências a Sylvio Monteiro, à Primeira Bienal do Livro, às duas conferências de cultura, ao Encontrarte, ao Iguacine e à Lei de Incentivo à Cultura. A imagem mais presente em sua fala foi a de uma Nova Iguaçu grávida, que ela extraiu de uma letra de música de Heitor Neguinho. "Está e sempre estará grávida de talentos e guerreiros culturais", afirmou. O vereador Carlos Ferreira, um antigo aliado da causa da cultura, resumiu a importância da relação entre o poder político e os artistas com o dia em que o Encontrarte obteve o primeiro financiamento do poder público. “Adianta ir lá”, afirmou. “Sempre pinta alguma coisa.”
Cenas marcantes
O cineasta Marcus Vinicius Faustini, fez um histórico de sua à frente da Secretaria de Cultura e Turismo, que ele batizou de “realizadora”. “A cultura precisa de uma luta diária para se impor tanto no país como dentro do governo”, afirmou. Essa luta, apesar da desconfiança com que foi recebido pela classe artística da cidade, já deixou um legado para a cidade. “Conseguimos lançar os editais do Fundo Municipal de Cultura e dos chamados Pontinhos de Cultura”, comemorou o secretário. Mas, para Faustini, a cidade conseguiu se tornar uma referência nacional por conta do casamento da educação com a cultura.
O secretário de Cultura e Turismo também festejou a entrada em cena de novos atores sociais, todos eles vindos da periferia. “Eles estavam alijados do processo”, afirmou. A abertura das portas da cultura para a diversidade, que será adotada nas cidades da Baixada em que o PT se sagrou vencedor nas últimas eleições municipais, modificou a cidade. “A cultura não só pede”, afirmou. “Quando a cultura recebe, ela cria cenas marcantes para a cidade.”