segunda-feira, 13 de abril de 2009

Bairro-Faculdade

CPV começa com 21 turmas, seis a mais do que no ano passado
por Lucas Lima e Leonardo Oliveira

Com o objetivo de democratizar o acesso às universidades públicas federais, a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu fechou uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ para criar o Curso Pré-Vestibular – CPV, um projeto integrado ao Bairro-Escola.

O programa teve seu inicio no ano de 2006, com apenas 450 vagas. Devido ao sucesso do projeto, hoje ele oferece cerca de mil vagas. O curso é integralmente financiado pela prefeitura. Totalmente gratuito, o curso, além de não cobrar taxa de inscrição, oferece material didático, uniforme e direito a passe escolar.

Os candidatos já devem ter concluído o ensino médio ou estar cursando o mesmo. Além disso, só podem participar do CPV moradores de Nova Iguaçu que tenham sido aprovados em uma prova de seleção. O pré-vestibular tem duração de 10 meses, com início em março e término em dezembro. As aulas são realizadas no período noturno de segunda a sextas-feiras e pela manhã aos sábados.

Para que o CPV possa atender a um grande número de moradores do município, as aulas são ministradas em unidades distribuídas em pontos estratégicos: as escolas municipais Rubens Falcão, Julio Rabello, Douglas Brasil, Venina Correa, Monteiro Lobato e no colégio Menino de Deus. Este ano o curso formou 21 turmas, seis a mais que 2008.

Todos os professores do CPV-NI são alunos de graduação e pós-graduação da UFRJ. Eles são orientados semanalmente por professores concursados dessa universidade, para que possam trazer toda a qualidade necessária para as salas das escolas de Nova Iguaçu.


Terceira idade
A maioria dos alunos do CPV tem entre 17 e 25 anos, mas o projeto também está aberto para pessoas da terceira idade. "Fiz a prova com o meu filho só para acompanhá-lo e passamos os dois", conta a operadora de telemarketing Ademaria Lopes, que guarda a sua idade sob sete chaves. Dedicada, Ademaria ignorou a saída do filho e o fato de ter passado para UFRRJ, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. "Estou aguardando na lista de reclassificação." Enquanto a lista não, ela não perde uma aula.

José Ribeiro do Amaral também não está no seu primeiro como pré-vestibulando. "No primeiro ano minha mulher teve problemas de saúde e precisei sair para cuidar dela", conta Seu Amaral, como é conhecido por todos. Seu Amaral, que só tem elogios para o CPV, conheceu o projeto por intermédio de uma vizinha. "Ela me falou que estava trabalhando em um pré-vestibular da UFRJ e disse pra que fizesse a prova", acrescenta ele. "Gostei muito do CPV, que é uma ótima iniciativa da prefeitura."

O curso também é procurado por pessoas que já têm profissões definidas, mas que esperam alcançar um melhor desempenho profissional. "As pessoas do meu convívio acharam muito legal porque no meu meio qualquer coisa que a gente faz pra se atualizar é muito importante", conta Sueli Batista, 45 anos. "Meus amigos acharam lindo, porque eu estou igual criança no meio dos jovens", brinca a professora do primeiro segmento do ensino fundamental, que dá aula para crianças especiais.

As faixas etárias também são diferentes entre os professores do CPV. Mas isso não é um problema para a Roseane Carneiro, 45 anos, que cursa licenciatura de Letras e já está pensando em entrar num mestrado. "Sempre gostei de estudar, está dentro de mim", afirma Roseane.

As diferentes faixas etárias tanto entre alunos quanto entre professores não cria problemas de relacionamento. "O meu relacionamento com as pessoas é da melhor qualidade, o que me deixou até surpreso", revela Seu Amaral. Roseane Carneiro também se dá bem com todo mundo. "Nunca tive problemas quanto à minha idade, pois embora os jovens sejam a maioria na faculdade, lá também as idades são bem misturadas."

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