Paul Harris acolhe crianças e mães especiais há 24 anos
por Julliane Mello
É com os braços de mãe que há 24 anos a Escola Municipal Paul Harris acolhe corações especiais. O trabalho na escola, referência de Nova Iguaçu, é voltado para crianças portadoras de deficiências como a Síndrome de Down, o autismo e a surdez, entre muitas outras. A escola também trabalha com crianças com problemas mentais.
Apesar de todas as dificuldades, pode se ver no rosto a alegria de cada criança de estar em seu cantinho especial, onde, além da atenção e respeito de que precisam, contam com a companhia das mães. “Elas participam de todo o processo de desenvolvimento”, conta a diretora da escola, Dilma de Almeida Batista, 45 anos, 22 dos quais trabalhando na Paul Harris. As mães e as crianças são auxiliadas por uma equipe composta de psicólogos, professores, estagiários, fonoaudiólogos, médicos e o projeto Segundo Tempo.
Dilma também alerta sobre a importância do tratamento de estimulação precoce feito entre os três primeiros meses de vida e os quatro anos e meio, cujo objetivo é estimular o desenvolvimento do portador de deficiência. “Essa preparação facilita a inserção deles com as crianças ditas “normais”, quando entrarem no ensino básico”, explica a diretora. Por força da nova legislação, há cinco anos a escola está mesclando crianças portadoras de deficiência com as ditas normais. Segundo a diretora, essa transição foi um processo bem complexo. “Nossa escola só atendia deficientes e foi um trabalho de muita conscientização.”
Verdadeiro preparo
A escola tem em média 300 alunos, divididos em horários flexíveis devido às condições dos responsáveis. Cada educador trabalha com 8 a 12 alunos por sala, contando com a ajuda de auxiliares preparados para lidar com crianças especiais. Para a diretora adjunta Liziane da Silva Messias, 47anos, só há uma forma de preparar os profissionais que trabalham nas escolas inclusivas. “Minha experiência de oito anos no ensino especial fez com que eu enxergasse a preparação de quem lida com deficientes de outra maneira”, revela a adjunta. “Acho que o verdadeiro preparo vem do convívio com as crianças.”
Liziane lembra o preconceito da sociedade, que muitas das vezes é estimulado pelos próprios pais “Eles não aceitam os seus filhos por terem nascido com deficiência”, lamenta. Com base na sua experiência, a adjunta afirma que as crianças são muito mais solidárias do que os adultos. “Elas brigam para empurrar a cadeira daqueles que têm problema de locomoção”, exemplifica. O máximo de incomoda que ela já verificou foi as crianças não quererem se sentar ao lado das deficientes que babam.
As duas diretoras acham que os meios de comunicação têm um papel fundamental na diminuição do preconceito. “Quando mais se discutir a questão do deficiente, menor será o preconceito”, afirma Dilma. No entanto, a diretora acha que essa mesma mídia não tematiza a questão das mães das crianças especiais. “Também é fundamental o apoio às mães dessas crianças.”
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Colo especial
Ex-auxiliar de cozinha aprendeu que inclusão começa no colo
por Fernanda Bastos da Silva
Ser mãe sempre foi um sonho de toda mulher. Para Viviane da Conceição Marinho, 33 anos, não foi diferente. Quando soube que estava grávida de seu primogênito, Deivison Marinho Silvares, ela acreditou estar realizando um sonho. E realmente estava! Seu filho veio ao mundo para lhe trazer a alegria de ser mãe e para provar o seu amor. Contudo, não sabia ela que aquela criança iria fazê-la descobrir que seu amor era maior do que muitos podiam imaginar. Era incondicional, especial, verdadeiramente amor de mãe.
Aos sete meses de idade, o ainda bebê Deivison passou por análises clínicas e foi constatado que ele era portador da Síndrome de Down. Mais do que nunca ele precisaria de sua mãe e do mesmo modo, para ela, ele era tudo. Ele era seu sonho! Muitos podem imaginar que teria sido difícil a aceitação daquela situação para uma mãe que acabara de realizar seu sonho. Porém, a primeira preocupação de Viviane foi a aceitação dos outros. “Meu filho precisa de mim”, conta a mãe. “Se não aceitá-lo, vou excluí-lo antes que a sociedade o faça.”
E sua preocupação era pertinente. O afastamento de alguns familiares próximos, ainda que em número ínfimo, foi o primeiro sinal de uma síndrome que é pouco admitida: a da discriminação. Por outro lado, o apoio de seu esposo e de inúmeros amigos a fez prosseguir. Uma profissional da saúde do posto do bairro Vila de Cava, próximo à sua residência, a orientou a buscar auxílio quando percebeu que Deivison era uma criança especial. E os braços abertos encontrados na Escola Municipal Prof. Paul Harris significaram o segundo passo na inclusão daquela criança. Na verdade, podemos dizer que sua inclusão sempre foi pautada na “não-exclusão”.
Ao chegar nessa escola no ano de 2007, com apenas quatro anos, Deivison ainda não falava. Sua mãe entendia que era preciso uma sensibilidade especial para acolhê-lo. Essa virtude foi encontrada em pessoas como Dilma de Almeida Batista (45 anos, diretora da escola), Liziane da Silva Messias (diretora adjunta) e Celeste Corrêa Morgado (65 anos, orientadora pedagógica), além de muitas outras. Assim, como uma semente plantada, regada e cuidada por todos, ele floresceu.
Cor do ônibus
Com seis anos, hoje Deivison fala, conhece as cores, tem ótima memória e como qualquer criança pratica um gesto maravilhoso: sorrir. Gosta de ir à igreja, dá atenção às palavras do pastor e é apaixonado pelo som cadente da bateria. Também gosta muito de ir à escola e sabe, pela cor, o ônibus em que deve embarcar. Ele também reconhece a parada da escola.
A mãe tem que acompanhá-lo em todos os momentos, inclusive os que ele passa na escola. Oresultado disso é uma intimidade preciosa. E essa mãe incondicional teve outra felicidade. “É que Gabriele, minha segunda filha, tem que ficar o tempo todo na escola de Deivison, ficando na creche existe na própria escola.” Isso permite a integração de sua família e aumenta cada vez mais seus vínculos.
Viviane não se queixa de ter abandonado o emprego de auxiliar de cozinha para se dedicarinteiramente aos seus filhos e sua família. “Deixei de aprender uma nova receita a cada dia para descobrir a fórmula da inclusão social das crianças especiais.” E o primeiro ingrediente, segundo ela, é o colo de mãe.
por Fernanda Bastos da Silva
Ser mãe sempre foi um sonho de toda mulher. Para Viviane da Conceição Marinho, 33 anos, não foi diferente. Quando soube que estava grávida de seu primogênito, Deivison Marinho Silvares, ela acreditou estar realizando um sonho. E realmente estava! Seu filho veio ao mundo para lhe trazer a alegria de ser mãe e para provar o seu amor. Contudo, não sabia ela que aquela criança iria fazê-la descobrir que seu amor era maior do que muitos podiam imaginar. Era incondicional, especial, verdadeiramente amor de mãe.
Aos sete meses de idade, o ainda bebê Deivison passou por análises clínicas e foi constatado que ele era portador da Síndrome de Down. Mais do que nunca ele precisaria de sua mãe e do mesmo modo, para ela, ele era tudo. Ele era seu sonho! Muitos podem imaginar que teria sido difícil a aceitação daquela situação para uma mãe que acabara de realizar seu sonho. Porém, a primeira preocupação de Viviane foi a aceitação dos outros. “Meu filho precisa de mim”, conta a mãe. “Se não aceitá-lo, vou excluí-lo antes que a sociedade o faça.”
E sua preocupação era pertinente. O afastamento de alguns familiares próximos, ainda que em número ínfimo, foi o primeiro sinal de uma síndrome que é pouco admitida: a da discriminação. Por outro lado, o apoio de seu esposo e de inúmeros amigos a fez prosseguir. Uma profissional da saúde do posto do bairro Vila de Cava, próximo à sua residência, a orientou a buscar auxílio quando percebeu que Deivison era uma criança especial. E os braços abertos encontrados na Escola Municipal Prof. Paul Harris significaram o segundo passo na inclusão daquela criança. Na verdade, podemos dizer que sua inclusão sempre foi pautada na “não-exclusão”.
Ao chegar nessa escola no ano de 2007, com apenas quatro anos, Deivison ainda não falava. Sua mãe entendia que era preciso uma sensibilidade especial para acolhê-lo. Essa virtude foi encontrada em pessoas como Dilma de Almeida Batista (45 anos, diretora da escola), Liziane da Silva Messias (diretora adjunta) e Celeste Corrêa Morgado (65 anos, orientadora pedagógica), além de muitas outras. Assim, como uma semente plantada, regada e cuidada por todos, ele floresceu.
Cor do ônibus
Com seis anos, hoje Deivison fala, conhece as cores, tem ótima memória e como qualquer criança pratica um gesto maravilhoso: sorrir. Gosta de ir à igreja, dá atenção às palavras do pastor e é apaixonado pelo som cadente da bateria. Também gosta muito de ir à escola e sabe, pela cor, o ônibus em que deve embarcar. Ele também reconhece a parada da escola.
A mãe tem que acompanhá-lo em todos os momentos, inclusive os que ele passa na escola. Oresultado disso é uma intimidade preciosa. E essa mãe incondicional teve outra felicidade. “É que Gabriele, minha segunda filha, tem que ficar o tempo todo na escola de Deivison, ficando na creche existe na própria escola.” Isso permite a integração de sua família e aumenta cada vez mais seus vínculos.
Viviane não se queixa de ter abandonado o emprego de auxiliar de cozinha para se dedicarinteiramente aos seus filhos e sua família. “Deixei de aprender uma nova receita a cada dia para descobrir a fórmula da inclusão social das crianças especiais.” E o primeiro ingrediente, segundo ela, é o colo de mãe.
Lição de Paul Harris
Professora aprendeu a se adaptar ao tempo das crianças especiais
por Suellen da Encarnação
A Escola Municipal Especial Paul Harris fica na alameda Presidente Roosenalt, 526, no alto de uma ladeira nas imediações do Hospital da Posse. É a segunda casa de Maria Letícia Dias Monteiro, de apenas sete anos, uma menina muito especial. Não pela sua deficiência, mas pela sua história de vida, iniciada prematuramente, depois de uma gravidez que durou apenas sete meses. "Ela só precisava engordar", lamenta a mãe, a professora primária Edna de Queiroz Dias Monteiro, 40 anos, moradora do bairro Carmary.
O que seria uma breve passagem no hospital terminou se transformando numa temporada de dois anos no hospital Fernandes Figueira, no Flamengo, durante a qual a pequena Letícia foi submetida a uma colostomia. Uma simples cirurgia no intestino, durante a qual os médicos inserem uma sonda para que passem as fezes, resultou numa paralisia cerebral decorrente de uma infecção hospitalar. "Os médicos me disseram que só um milagre a salvaria", conta a mãe com a filha no colo, no pátio da escola que há 24 anos é referência em crianças especiais em Nova Iguaçu.
Não foi por falta de oração que a pequena Letícia sobreviveu, ainda que tenha que conviver com as sequelas que acompanharão por toda a vida. "O meu maior medo foi de perder minha filha", conta Edna Monteiro, que jamais perdeu a fé e a alegria de viver. "Em minhas orações, pedia a Deus para que não tirasse ela de mim." No entanto, só foi depois do encaminhamento da menina para a Paul Harris que a professora aprendeu a conviver com as limitações da filha. "Hoje eu sei que não são as crianças que têm que se adaptar com a gente”, conta. "Somos nós que temos que nos adaptar ao tempo delas."
Primeiros passos
Devido a um novo parto prematuro, que resultou na internação do seu filho mais novo na UTI, Edna Monteiro não pode ver o dia em que a filha andou pela primeira vez, quando tinha quatro anos. "Foi uma tristeza muito grande, pois meu sonho era ter visto os seus primeiros passos." No entanto, ela não se arrepende de ter ficado com o filho no hospital. "Tive muito medo de acontecer exatamente o mesmo com meu filho, mas graças a Deus ocorreu tudo bem."
Ela já sofreu muito preconceito, mas os episódios que mais lhe marcaram ocorreram dentro de sua própria família, que jamais aceitou uma criança especial. Além disso, é forçada a conviver com a falta de solidariedade das pessoas. "Quando entro no trem e não tem lugar para sentar com a criança, dificilmente alguém se levanta para dar lugar para a gente."
Edna Monteiro dá graças a Deus por trabalhar no CIEP 099, na Posse, onde tem privilégios que não teria em uma escola particular. Um desses privilégios lhe foi de grande utilidade na época em que levava a filha todos os dias para o Instituto Fernandes Figueira. "Tinha que sair do trabalho ao meio-dia para poder estar no Flamengo às três." Também tem sido de grande utilidade o direito de trabalhar em uma escola a no máximo uma hora de distância de sua casa, além das folgas que consegue para levar a filha ao médico. "Somente este mês eu precisei levar Letícia seis vezes para a fisioterapia."
Todo esse sacrifício é plenamente recompensado pela relação que estabelece com a filha, que é a razão de sua felicidade. "Por mais que ela ainda não fale, eu consigo entendê-la, eu sei o que ela quer, do que ela gosta." Letícia também é quase mediúnica em relação aos sentimentos dos pais e de seus três irmãos, que abraça sempre que os vê tristes. "É como se ela estivesse dizendo: ‘mãe, não chora.’ Isso me emociona muito, pois a cada dia eu aprendo mais com ela. É uma lição de vida."
por Suellen da Encarnação
A Escola Municipal Especial Paul Harris fica na alameda Presidente Roosenalt, 526, no alto de uma ladeira nas imediações do Hospital da Posse. É a segunda casa de Maria Letícia Dias Monteiro, de apenas sete anos, uma menina muito especial. Não pela sua deficiência, mas pela sua história de vida, iniciada prematuramente, depois de uma gravidez que durou apenas sete meses. "Ela só precisava engordar", lamenta a mãe, a professora primária Edna de Queiroz Dias Monteiro, 40 anos, moradora do bairro Carmary.
O que seria uma breve passagem no hospital terminou se transformando numa temporada de dois anos no hospital Fernandes Figueira, no Flamengo, durante a qual a pequena Letícia foi submetida a uma colostomia. Uma simples cirurgia no intestino, durante a qual os médicos inserem uma sonda para que passem as fezes, resultou numa paralisia cerebral decorrente de uma infecção hospitalar. "Os médicos me disseram que só um milagre a salvaria", conta a mãe com a filha no colo, no pátio da escola que há 24 anos é referência em crianças especiais em Nova Iguaçu.
Não foi por falta de oração que a pequena Letícia sobreviveu, ainda que tenha que conviver com as sequelas que acompanharão por toda a vida. "O meu maior medo foi de perder minha filha", conta Edna Monteiro, que jamais perdeu a fé e a alegria de viver. "Em minhas orações, pedia a Deus para que não tirasse ela de mim." No entanto, só foi depois do encaminhamento da menina para a Paul Harris que a professora aprendeu a conviver com as limitações da filha. "Hoje eu sei que não são as crianças que têm que se adaptar com a gente”, conta. "Somos nós que temos que nos adaptar ao tempo delas."
Primeiros passos
Devido a um novo parto prematuro, que resultou na internação do seu filho mais novo na UTI, Edna Monteiro não pode ver o dia em que a filha andou pela primeira vez, quando tinha quatro anos. "Foi uma tristeza muito grande, pois meu sonho era ter visto os seus primeiros passos." No entanto, ela não se arrepende de ter ficado com o filho no hospital. "Tive muito medo de acontecer exatamente o mesmo com meu filho, mas graças a Deus ocorreu tudo bem."
Ela já sofreu muito preconceito, mas os episódios que mais lhe marcaram ocorreram dentro de sua própria família, que jamais aceitou uma criança especial. Além disso, é forçada a conviver com a falta de solidariedade das pessoas. "Quando entro no trem e não tem lugar para sentar com a criança, dificilmente alguém se levanta para dar lugar para a gente."
Edna Monteiro dá graças a Deus por trabalhar no CIEP 099, na Posse, onde tem privilégios que não teria em uma escola particular. Um desses privilégios lhe foi de grande utilidade na época em que levava a filha todos os dias para o Instituto Fernandes Figueira. "Tinha que sair do trabalho ao meio-dia para poder estar no Flamengo às três." Também tem sido de grande utilidade o direito de trabalhar em uma escola a no máximo uma hora de distância de sua casa, além das folgas que consegue para levar a filha ao médico. "Somente este mês eu precisei levar Letícia seis vezes para a fisioterapia."
Todo esse sacrifício é plenamente recompensado pela relação que estabelece com a filha, que é a razão de sua felicidade. "Por mais que ela ainda não fale, eu consigo entendê-la, eu sei o que ela quer, do que ela gosta." Letícia também é quase mediúnica em relação aos sentimentos dos pais e de seus três irmãos, que abraça sempre que os vê tristes. "É como se ela estivesse dizendo: ‘mãe, não chora.’ Isso me emociona muito, pois a cada dia eu aprendo mais com ela. É uma lição de vida."
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Nos braços de Paul Harris
Escola Paul Harris ajudou Dona Ruth a superar os próprios preconceitos por Larissa Leotério
O amor e a acolhida da família do marido se manifestaram quando a dona de casa Ruth Helena Conceição, 38 anos, menos esperava. Embora seu relacionamento com a sogra e as cunhados não fosse nada bom até o nascimento de Mateus Conceição, hoje com 10 anos, foi delas que recebeu solidariedade quando soube que esperava um bebê com problemas cerebrais. "Elas fizeram toda a diferença quando mais precisei", conta essa mãe especial. "Particularmente minha sogra, que até hoje se coloca a minha inteira disposição para as coisas mais básicas."
A deficiência de Mateus foi descoberta durante a gestação e o bebê foi ainda mais guerreiro ao nascer com apenas seis meses de gestação e contrariar todos os prognósticos quando chegou à Escola Municipal Paul Harris, com três meses de vida, para a estimulação precoce, feita com crianças de três meses a quatro anos e meio. A estimulação precoce tem como objetivo trabalhar as deficiências o mais cedo possível, na tentativa de minimizar os sintomas e apressar a inserção da criança em uma turma regular.
E foram estes estímulos que fizeram com que Mateus se desenvolvesse tanto, contrariando pediatras e neurologistas, falando articuladamente. "Depois da cirurgia de alongamento de tendões, ele também corre e brinca com o mesmo brilho alegre de uma criança ‘normal’", conta dona Ruth.
Preconceito dos adultos
A felicidade da mãe é o sorriso do filho e vê-lo brincar com os muitos amiguinhos. "Ele se relaciona melhor com as crianças da escola e, na rua, com as que também têm deficiências", conta ela. No entanto, não esquece de episódios ocorridos na rua em que mora, nos quais o preconceito dos adultos refletiu nas atitudes crueis das crianças.
Dona Ruth também experimentou o preconceito no seio da própria família, que, envergonhada com Matheus, jamais lhe deu o menor apoio. "Minhas irmãs e minha mãe me abandonaram quando mais precisei", afirma. Ela ficou particularmente sentida com o fato de a irmã jamais ter colocado Mateus no colo. Seu cunhado chegou a desfazer de Mateus na frente dela.
Não foi nada fácil para a mãe de Mateus enfrentar o preconceito da família. "Tive depressão quando meu filho nasceu e não me deixaram chegar perto dele, porque eu chorava muito." A primeira surpresa veio quando a cunhada, com quem nem se dava, a levou para ver Mateus e se responsabilizou por ela. Já a sogra acredita que Mateus chegou para consertar a família.
"Preconceito é a pior coisa que tem na vida", afirma dona Ruth. Mas ela própria admite que só aprendeu a lidar com o filho no Paul Harris, que ela compara aos braços de uma mãe. “Foi aqui que ele também aprendeu a lidar comigo."
O amor e a acolhida da família do marido se manifestaram quando a dona de casa Ruth Helena Conceição, 38 anos, menos esperava. Embora seu relacionamento com a sogra e as cunhados não fosse nada bom até o nascimento de Mateus Conceição, hoje com 10 anos, foi delas que recebeu solidariedade quando soube que esperava um bebê com problemas cerebrais. "Elas fizeram toda a diferença quando mais precisei", conta essa mãe especial. "Particularmente minha sogra, que até hoje se coloca a minha inteira disposição para as coisas mais básicas."
A deficiência de Mateus foi descoberta durante a gestação e o bebê foi ainda mais guerreiro ao nascer com apenas seis meses de gestação e contrariar todos os prognósticos quando chegou à Escola Municipal Paul Harris, com três meses de vida, para a estimulação precoce, feita com crianças de três meses a quatro anos e meio. A estimulação precoce tem como objetivo trabalhar as deficiências o mais cedo possível, na tentativa de minimizar os sintomas e apressar a inserção da criança em uma turma regular.
E foram estes estímulos que fizeram com que Mateus se desenvolvesse tanto, contrariando pediatras e neurologistas, falando articuladamente. "Depois da cirurgia de alongamento de tendões, ele também corre e brinca com o mesmo brilho alegre de uma criança ‘normal’", conta dona Ruth.
Preconceito dos adultos
A felicidade da mãe é o sorriso do filho e vê-lo brincar com os muitos amiguinhos. "Ele se relaciona melhor com as crianças da escola e, na rua, com as que também têm deficiências", conta ela. No entanto, não esquece de episódios ocorridos na rua em que mora, nos quais o preconceito dos adultos refletiu nas atitudes crueis das crianças.
Dona Ruth também experimentou o preconceito no seio da própria família, que, envergonhada com Matheus, jamais lhe deu o menor apoio. "Minhas irmãs e minha mãe me abandonaram quando mais precisei", afirma. Ela ficou particularmente sentida com o fato de a irmã jamais ter colocado Mateus no colo. Seu cunhado chegou a desfazer de Mateus na frente dela.
Não foi nada fácil para a mãe de Mateus enfrentar o preconceito da família. "Tive depressão quando meu filho nasceu e não me deixaram chegar perto dele, porque eu chorava muito." A primeira surpresa veio quando a cunhada, com quem nem se dava, a levou para ver Mateus e se responsabilizou por ela. Já a sogra acredita que Mateus chegou para consertar a família.
"Preconceito é a pior coisa que tem na vida", afirma dona Ruth. Mas ela própria admite que só aprendeu a lidar com o filho no Paul Harris, que ela compara aos braços de uma mãe. “Foi aqui que ele também aprendeu a lidar comigo."
terça-feira, 28 de abril de 2009
Horas de estágio
Estudantes de história têm forte presença entre os mediadores culturais
por Larissa Leotério
A maioria dos mediadores culturais do Bairro-Escola é composta por estudantes de História, que estão muito mais preocupados em enriquecer o currículo do que em ganhar dinheiro. Pelo menos é o que se pode deduzir de uma conversa com Rafaele, Rita de Cássia, Vinícius e Diego, todos eles estudantes do sexto período do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
“Estou quase no final do curso e essa experiência, além de muito válida, também é remunerada”, conta Rita de Cássia Ribeiro da Silva, de 21 anos, moradora de Vista Alegre, no Rio de Janeiro. “Tem tudo a ver com História.” A futura historiadora também deseja provar que o estudo pode ser interessante e até mesmo divertido, ao contrário do que a maioria das crianças costuma achar.
Diego Caetano Miranda, de 24 anos e morador de São Cristóvão, quer usar a experiência do Bairro Escola para mostrar que é preciso “conhecer o passado para entender o presente”. “Os temas que passam na História interferem, e muito, no presente”, afirma Diego Miranda, para quem as oficinas culturais podem ajudar a entender o preconceito da sociedade e diminuir a frequência com que aparece.
Vinícius dos Santos Fernandes, de 20 anos, tem objetivos mais concretos e objetivos. “Preciso de horas de estágio e praticar o que aprendi na faculdade”, afirma. Apesar do seu pragmatismo, Vinícius não perde a ideologia presente nos amigos: “Acredito que a cultura pode ser uma ferramenta para difundir valores e conceitos históricos.”
Mesmo com a experiência que possui por ter dado aula para crianças quando se formou no curso normal, Rafaele Moreira Azevedo, de 21, precisa de mais prática. Dessa vez, para conquistar seu diploma de Licenciatura em História. “Eu trabalho, atualmente, como vendedora. Mas quero sair da área do comércio. Quero mesmo é ficar na educação”, declara a moça mais empolgada do grupo.
por Larissa Leotério
A maioria dos mediadores culturais do Bairro-Escola é composta por estudantes de História, que estão muito mais preocupados em enriquecer o currículo do que em ganhar dinheiro. Pelo menos é o que se pode deduzir de uma conversa com Rafaele, Rita de Cássia, Vinícius e Diego, todos eles estudantes do sexto período do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
“Estou quase no final do curso e essa experiência, além de muito válida, também é remunerada”, conta Rita de Cássia Ribeiro da Silva, de 21 anos, moradora de Vista Alegre, no Rio de Janeiro. “Tem tudo a ver com História.” A futura historiadora também deseja provar que o estudo pode ser interessante e até mesmo divertido, ao contrário do que a maioria das crianças costuma achar.
Diego Caetano Miranda, de 24 anos e morador de São Cristóvão, quer usar a experiência do Bairro Escola para mostrar que é preciso “conhecer o passado para entender o presente”. “Os temas que passam na História interferem, e muito, no presente”, afirma Diego Miranda, para quem as oficinas culturais podem ajudar a entender o preconceito da sociedade e diminuir a frequência com que aparece.
Vinícius dos Santos Fernandes, de 20 anos, tem objetivos mais concretos e objetivos. “Preciso de horas de estágio e praticar o que aprendi na faculdade”, afirma. Apesar do seu pragmatismo, Vinícius não perde a ideologia presente nos amigos: “Acredito que a cultura pode ser uma ferramenta para difundir valores e conceitos históricos.”
Mesmo com a experiência que possui por ter dado aula para crianças quando se formou no curso normal, Rafaele Moreira Azevedo, de 21, precisa de mais prática. Dessa vez, para conquistar seu diploma de Licenciatura em História. “Eu trabalho, atualmente, como vendedora. Mas quero sair da área do comércio. Quero mesmo é ficar na educação”, declara a moça mais empolgada do grupo.
Família aberta
Escola Aberta do Rancho Novo coloca street dance ao alcance de todos
por Camila Elen e Robson Lopes
A Escola Aberta é um dos braços do Bairro Escola. Graças a esse projeto, todos os fins de semana as escolas municipais de Nova Iguaçu são abertas para que a comunidade desenvolva atividades que aprimorem suas habilidades, sejam elas motoras ou cognitivas. Uma das atividades que mais atrai jovens na Ozires Neves, no Rancho Novo, é a Black Stylle Family, comandada pela oficineira Agatha Alves de Oliveira.
“A Black Stylle Family trabalha com os jovens das proximidades da escola através dos mais variados estilos do street dance, com uma pitada de hip-hop e influências até mesmo da tradicional capoeira”, explica a oficineira. Os movimentos coordenados, ousados e muitas vezes velozes da Black Stylle Family se repetem há quase um ano.
Quando começou, a família Black Stylle tinha apenas cinco jovens. Além de conseguir manter a motivação do grupo inicial, Agatha de Oliveira conseguiu atrair muitos outros jovens da comunidade. “Fico feliz em ver que agora falta espaço na sala”, comemora a oficineira.
Agatha de Oliveira também comemora o fato de que a chegada de novos membros para a família não comprometeu a qualidade do trabalho. “Fiquei impressionada com alguns meninos, eles estão dançando pra caramba”, afirma. Um dos cinco remanescentes do primeiro grupo, o dançarino Maicon Christian acredita que a Black Family se tornou uma referência dentro de Rancho Novo. “Os jovens estão evoluindo absurdamente.”
O fato de o projeto ser gratuito dá oportunidade para que muitas pessoas conheçam a cultura das ruas. “O projeto deu mais oportunidade pra gente”, afirma Douglas, que lembra o fato de que, no Centro de Nova Iguaçu, aulas semelhantes custariam o olho da cara.
por Camila Elen e Robson Lopes
A Escola Aberta é um dos braços do Bairro Escola. Graças a esse projeto, todos os fins de semana as escolas municipais de Nova Iguaçu são abertas para que a comunidade desenvolva atividades que aprimorem suas habilidades, sejam elas motoras ou cognitivas. Uma das atividades que mais atrai jovens na Ozires Neves, no Rancho Novo, é a Black Stylle Family, comandada pela oficineira Agatha Alves de Oliveira.
“A Black Stylle Family trabalha com os jovens das proximidades da escola através dos mais variados estilos do street dance, com uma pitada de hip-hop e influências até mesmo da tradicional capoeira”, explica a oficineira. Os movimentos coordenados, ousados e muitas vezes velozes da Black Stylle Family se repetem há quase um ano.
Quando começou, a família Black Stylle tinha apenas cinco jovens. Além de conseguir manter a motivação do grupo inicial, Agatha de Oliveira conseguiu atrair muitos outros jovens da comunidade. “Fico feliz em ver que agora falta espaço na sala”, comemora a oficineira.
Agatha de Oliveira também comemora o fato de que a chegada de novos membros para a família não comprometeu a qualidade do trabalho. “Fiquei impressionada com alguns meninos, eles estão dançando pra caramba”, afirma. Um dos cinco remanescentes do primeiro grupo, o dançarino Maicon Christian acredita que a Black Family se tornou uma referência dentro de Rancho Novo. “Os jovens estão evoluindo absurdamente.”
O fato de o projeto ser gratuito dá oportunidade para que muitas pessoas conheçam a cultura das ruas. “O projeto deu mais oportunidade pra gente”, afirma Douglas, que lembra o fato de que, no Centro de Nova Iguaçu, aulas semelhantes custariam o olho da cara.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Voz da experiência
por Flávia Sá
Francisca Bonfim da Silva tem 51 anos e mora na Califórnia. Atualmente estuda Pedagogia no 7º período da Universidade Rural de Nova Iguaçu. Não é a primeira vez que trabalha no Bairro-Escola.
Nas experiências anteriores, participou das oficinas de aprendizagem das escolas Venina e Douglas Brasil. “Tenho alguma experiência e por esse motivo desejaria atuar nas oficinas de aprendizagem”, diz ela, que entrou para o projeto em fases anteriores para adquirir experiência.
Para Francisca da Silva, o tempo em que atuou no programa foi muito gratificante. “Prefiro trabalhar com crianças do que com adolescentes”, afirma. “São mais fáceis de lidar.”
Francisca Bonfim da Silva tem 51 anos e mora na Califórnia. Atualmente estuda Pedagogia no 7º período da Universidade Rural de Nova Iguaçu. Não é a primeira vez que trabalha no Bairro-Escola.
Nas experiências anteriores, participou das oficinas de aprendizagem das escolas Venina e Douglas Brasil. “Tenho alguma experiência e por esse motivo desejaria atuar nas oficinas de aprendizagem”, diz ela, que entrou para o projeto em fases anteriores para adquirir experiência.
Para Francisca da Silva, o tempo em que atuou no programa foi muito gratificante. “Prefiro trabalhar com crianças do que com adolescentes”, afirma. “São mais fáceis de lidar.”
Pronta para os desafios
por Flávia Sá
Viviane Nazário tem 19 anos e é mais uma estudante de história da Universidade Rural que está participando do Bairro-Escola. Ela deseja trabalhar em alguma oficina que privilegie a criatividade, partilhando com as crianças jogos e brincadeiras. Para ela, é uma ótima oportunidade trabalhar com crianças, sendo bom para a sua formação profissional adquirir experiência na área. "Não tenho experiência, mas estou pronta para enfrentar os desafios."
Viviane Nazário tem 19 anos e é mais uma estudante de história da Universidade Rural que está participando do Bairro-Escola. Ela deseja trabalhar em alguma oficina que privilegie a criatividade, partilhando com as crianças jogos e brincadeiras. Para ela, é uma ótima oportunidade trabalhar com crianças, sendo bom para a sua formação profissional adquirir experiência na área. "Não tenho experiência, mas estou pronta para enfrentar os desafios."
Pontos no currículo
por Flávia Sá
Suelaine Camillo de Araújo tem 23 anos, estuda história e está no 4º período da Universidade Rural. "Tenho curso de professora de nível médio e acredito que isso vai me ajudar muito", acredita ela, que resolveu ingressar no programa porque acredita que ele pode preparar as crianças para o futuro. Também a estimula a possibilidade de acrescentar pontos ao currículo. "O Bairro Escola é um bom complemento para a minha formação acadêmica."
Suelaine Camillo de Araújo tem 23 anos, estuda história e está no 4º período da Universidade Rural. "Tenho curso de professora de nível médio e acredito que isso vai me ajudar muito", acredita ela, que resolveu ingressar no programa porque acredita que ele pode preparar as crianças para o futuro. Também a estimula a possibilidade de acrescentar pontos ao currículo. "O Bairro Escola é um bom complemento para a minha formação acadêmica."
Dançar para não dançar
por Robson Lopes
foto Larissa Leotério
foto Larissa Leotério
"Eu vi que é um projeto que tem tudo a ver comigo”, diz o estudante de história Vagner Vieira, o mais novo oficineiro do Bairro-Escola. Com 26 anos, o morador do bairro da Posse vai atuar na Escola Herbert Moses, que fica no Cobrex..
Vagner admite já ter participado de experiências semelhantes, mas este ano é especial. “Espero também quebrar rótulos que algumas pessoas guardam do projeto. As pessoas são muito preconceituosas.”
Vagner admite já ter participado de experiências semelhantes, mas este ano é especial. “Espero também quebrar rótulos que algumas pessoas guardam do projeto. As pessoas são muito preconceituosas.”
Cultura local
por Robson Lopes
Mônica Lima tem 35 anos, mora em Mesquita e trabalha nas oficinas do Bairro-Escola desde 2007. Com a experiência adquirida na faculdade de pedagogia, ela pretende explorar o imaginário das crianças da escola Edna Umbelina, que fica situada no bairro Palhada. Apesar da distância a percorrer diariamente, ela garante que desempenhará um bom papel, ao desenvolver a cultura local iguaçuana.
Mônica Lima tem 35 anos, mora em Mesquita e trabalha nas oficinas do Bairro-Escola desde 2007. Com a experiência adquirida na faculdade de pedagogia, ela pretende explorar o imaginário das crianças da escola Edna Umbelina, que fica situada no bairro Palhada. Apesar da distância a percorrer diariamente, ela garante que desempenhará um bom papel, ao desenvolver a cultura local iguaçuana.
Um golpe de mangaka
por Robson Lopes
foto Larissa Leotério
Rafael Gonçalvez Queiroz é morador do centro de Nova Iguaçu. É oficineiro desde junho do ano passado. Faz também estágio como professor de história.
Vai trabalhar na Escola Municipal Professora Irene da Silva, em Vila de Cava, com artes visuais, aplicando o estilo oriental mangaka, um processo que conhece a fundo, aprimorando técnicas de desenho, e de escultura.
“Além das artes plásticas, vou passar aos alunos a história da região ao redor da escola, o que irá caracterizar o projeto de valorização do bairro.”O objetivo de Rafael é passar ensinamentos sempre com muita descontração e sem nenhuma imposição. Desenho, criatividade e cultura não irão faltar para a criançada.
foto Larissa Leotério
Rafael Gonçalvez Queiroz é morador do centro de Nova Iguaçu. É oficineiro desde junho do ano passado. Faz também estágio como professor de história.
Vai trabalhar na Escola Municipal Professora Irene da Silva, em Vila de Cava, com artes visuais, aplicando o estilo oriental mangaka, um processo que conhece a fundo, aprimorando técnicas de desenho, e de escultura.
“Além das artes plásticas, vou passar aos alunos a história da região ao redor da escola, o que irá caracterizar o projeto de valorização do bairro.”O objetivo de Rafael é passar ensinamentos sempre com muita descontração e sem nenhuma imposição. Desenho, criatividade e cultura não irão faltar para a criançada.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Precisam-se de parceiros
por Daniel Santos
A estudante de letras Flávia Costa de Sá, 25 anos, entrou no Bairro-Escola em fevereiro, através do convite de uma amiga. Identificou-se com o projeto logo na primeira visita que fez a uma escola. “Esse é um projeto inovador”, afirma. “Não é à toa que está sendo copiado por outros municípios.”
Moradora de Miguel Couto, que no momento está trabalhando nas oficinas de aprendizagem da escola Rui Afrânio, no mesmo bairro. “Trabalhar com crianças é o meu objetivo”, diz ela, que não vê a hora para dar início às oficinas culturais.
Mas para que essas oficinas culturais comecem a escola precisa do apoio de parceiros, que podem ser academias, igrejas, salões de festas. “Cultura nunca é demais”, apela, ansiosa, a mediadora.
Interatividade
Qual a dificuldade para se conseguir parcerias no Bairro-Escola?
A estudante de letras Flávia Costa de Sá, 25 anos, entrou no Bairro-Escola em fevereiro, através do convite de uma amiga. Identificou-se com o projeto logo na primeira visita que fez a uma escola. “Esse é um projeto inovador”, afirma. “Não é à toa que está sendo copiado por outros municípios.”
Moradora de Miguel Couto, que no momento está trabalhando nas oficinas de aprendizagem da escola Rui Afrânio, no mesmo bairro. “Trabalhar com crianças é o meu objetivo”, diz ela, que não vê a hora para dar início às oficinas culturais.
Mas para que essas oficinas culturais comecem a escola precisa do apoio de parceiros, que podem ser academias, igrejas, salões de festas. “Cultura nunca é demais”, apela, ansiosa, a mediadora.
Interatividade
Qual a dificuldade para se conseguir parcerias no Bairro-Escola?
Bairro é cultura
por Daniel Santos
foto Larissa Leotério
Morador do bairro Jardim Pernambuco, Ruan de Souza Lima, 26 anos, se sente com uma grande carta na manga por ser mediador cultural na escola Ivonete dos Santos Alves, no mesmo bairro onde mora. “Eu conheço a história do lugar, posso resgatar e passar o valor cultural do ambiente onde essas crianças vivem”, conta esse estudante de história. No Bairro-Escola há mais de um ano, ele acredita na proposta do projeto. "Mas é preciso que os pais dos estudantes acreditem mais no projeto, para que essa grande ideia não fique apenas na teoria.”
Interatividade
O que você identifica como valor cultural no seu bairro?
foto Larissa Leotério
Morador do bairro Jardim Pernambuco, Ruan de Souza Lima, 26 anos, se sente com uma grande carta na manga por ser mediador cultural na escola Ivonete dos Santos Alves, no mesmo bairro onde mora. “Eu conheço a história do lugar, posso resgatar e passar o valor cultural do ambiente onde essas crianças vivem”, conta esse estudante de história. No Bairro-Escola há mais de um ano, ele acredita na proposta do projeto. "Mas é preciso que os pais dos estudantes acreditem mais no projeto, para que essa grande ideia não fique apenas na teoria.”
Interatividade
O que você identifica como valor cultural no seu bairro?
Relação de troca
por Daniel Santos
“Aprendo muito com eles”, afirma a estudante de história Mariana Mendes Pimenta, 20 anos. Por isso, a mediadora da escola municipal José Guimarães, em Ouro Preto, acha que sua relação com os estudantes é de troca.
A estudante de história vai mais além. “Essa relação tem que ser lúdica”, acrescenta. E é em nome desse lado fantasioso que vai com prazer para a formação dos mediadores culturais, às segundas-feiras, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. “É lá que eu tiro as ideias para transformar o trabalho didático em algo prazeroso.”
Uma dessas ideias é a chamada oficina do brasão, onde as crianças estão reconstruindo a bandeira da cidade como eles gostariam que fosse. “Claro, contando com muita canetinha, lápis de cor, recorte e cole, cartolina, tinta, farra e alegria.”
Interatividade
Qual a melhor maneira de conciliar o didático com o lúdico?
“Aprendo muito com eles”, afirma a estudante de história Mariana Mendes Pimenta, 20 anos. Por isso, a mediadora da escola municipal José Guimarães, em Ouro Preto, acha que sua relação com os estudantes é de troca.
A estudante de história vai mais além. “Essa relação tem que ser lúdica”, acrescenta. E é em nome desse lado fantasioso que vai com prazer para a formação dos mediadores culturais, às segundas-feiras, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. “É lá que eu tiro as ideias para transformar o trabalho didático em algo prazeroso.”
Uma dessas ideias é a chamada oficina do brasão, onde as crianças estão reconstruindo a bandeira da cidade como eles gostariam que fosse. “Claro, contando com muita canetinha, lápis de cor, recorte e cole, cartolina, tinta, farra e alegria.”
Interatividade
Qual a melhor maneira de conciliar o didático com o lúdico?
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Reconstituição do bairro
por Daniel Santos
O estudante de história José Augusto Perez, 39 anos, atua em vários projetos do governo atual, dentre eles o pré-vestibular comunitário Educa-Vida (CPV) e o ProJovem. Está no Bairro-Escola desde 2006. Sua porta de entrada para o programa foi o projeto “Nova Iguaçu Cidadania e História”, que se caracteriza basicamente em contar as memórias da cidade de forma interativa.
Ele descobriu a ambição do projeto depois de participar de uma oficina na escola Barão de Tinguá, no bairro homônimo. Duas coisas na metodologia lhe chamaram atenção desde o primeiro momento: a possibilidade do improviso e o aprendizado sem pressões. “Resolvi participar na hora.”
Com o tempo, o estudante de história percebeu que o Bairro-Escola é voltado para a realidade de Nova Iguaçu. “ Ele não vê a criança como um artista, mas procura colocar algo para pensar, mostrando o mundo lúdico onde vivem.” Um bom exemplo disso é a oficina do brasão, que, no seu entender motivará as crianças a criarem a sua própria Nova Iguaçu.
“Na tarefa da desconstrução de um símbolo oficial, eles perceberam as necessidades do bairro e reconstituíram a bandeira com símbolos de saúde e segurança. A cana-de-açúcar e a laranja deram espaço para o colégio e a carroça.”
José Augusto atualmente trabalha como oficineiro no bairro José Ribeiro, na escola de mesmo nome, onde encontrou uma realidade bem diferente daquele que vive no bairro Alvarez. “A maior necessidade deles é carinho. A violência doméstica é a grande vilã das crianças. Cheguei até a presenciar uma criança que levou um tapa na cara, dado pela própria mãe. Repetiu o gesto na sala de aula com um amigo, imitando o exemplo de casa.”
Interatividade
Qual é a principal carência das crianças no seu bairro?
O estudante de história José Augusto Perez, 39 anos, atua em vários projetos do governo atual, dentre eles o pré-vestibular comunitário Educa-Vida (CPV) e o ProJovem. Está no Bairro-Escola desde 2006. Sua porta de entrada para o programa foi o projeto “Nova Iguaçu Cidadania e História”, que se caracteriza basicamente em contar as memórias da cidade de forma interativa.
Ele descobriu a ambição do projeto depois de participar de uma oficina na escola Barão de Tinguá, no bairro homônimo. Duas coisas na metodologia lhe chamaram atenção desde o primeiro momento: a possibilidade do improviso e o aprendizado sem pressões. “Resolvi participar na hora.”
Com o tempo, o estudante de história percebeu que o Bairro-Escola é voltado para a realidade de Nova Iguaçu. “ Ele não vê a criança como um artista, mas procura colocar algo para pensar, mostrando o mundo lúdico onde vivem.” Um bom exemplo disso é a oficina do brasão, que, no seu entender motivará as crianças a criarem a sua própria Nova Iguaçu.
“Na tarefa da desconstrução de um símbolo oficial, eles perceberam as necessidades do bairro e reconstituíram a bandeira com símbolos de saúde e segurança. A cana-de-açúcar e a laranja deram espaço para o colégio e a carroça.”
José Augusto atualmente trabalha como oficineiro no bairro José Ribeiro, na escola de mesmo nome, onde encontrou uma realidade bem diferente daquele que vive no bairro Alvarez. “A maior necessidade deles é carinho. A violência doméstica é a grande vilã das crianças. Cheguei até a presenciar uma criança que levou um tapa na cara, dado pela própria mãe. Repetiu o gesto na sala de aula com um amigo, imitando o exemplo de casa.”
Interatividade
Qual é a principal carência das crianças no seu bairro?
Museu de novidades
por Gisele Reis
A estudante de história Sandra Regina Maria Soares, 24 anos, pretende levar a experiência da faculdade para dentro do Bairro-Escola. “Penso em montar um museu na escola em que trabalho, no bairro da Califórnia”, conta essa moradora de Belford Roxo, que há de se formar este ano. “As crianças trariam antiguidades de suas casas.” A estudante de história acredita que esse espaço atrairiam visitantes, para trocar ideias.
Troca de experiências
por Gisele Reis
Perla Cordeiro Gomes, 25 anos, se interessou pelo Bairro-Escola pela possibilidade de trabalhar com artes integradas. Pretende incluir nesse cardápio as coreografias, para aprimorar o gestual das crianças, que está aprendendo no curso de especialização em dança que está fazendo.
Moradora do Marco II, Perla Gomes vê o programa como um grande desafio, pois cada novo dia o trabalho depende do humor da criança. “É uma contínua troca de experiências, enquanto você ensina, aprende com elas. É surpreendente.”
Luta contra o tempo
por Gisele Reis
O estudante de história Cesar Filho, 22 anos, é mediador cultural da escola municipal Osires Neves, no Rancho Novo. Estimula o interesse das crianças pelas artes por intermédio de oficinas com música e pintura. “Quero tentar outras oficinas, para que elas possam se divertir e se sentir à vontade”, conta ele, que luta contra o tempo para formar pelo menos duas turmas.
Inspiração em Gentileza
por Gisele Reis
Marcio Rufino, 36 anos, é formado em administração e atualmente estuda história. Morador de Belford Roxo, ele iniciou sua história no Bairro-Escola em Vila de Cava, mas agora gostaria de trabalhar na Prata, que é mais perto de sua casa. Mas gosta tanto do programa, “que tem uma proposta cultural enriquecedora”, trabalharia de bom-grado em qualquer lugar.
“Aprendo muito com as crianças”, afirma Marcio Rufino. Encanta-o a capacidade que elas têm de lidar com os próprios problemas, superando com o sofrimento com facilidade. “É um estímulo e uma lição de vida para nós. É como se também crescêssemos com eles.”
O mediador cultural desenvolve um trabalho com literatura e artes plásticas, e pretende realizar uma oficina inspirada no Projeto Gentileza.
Marcio Rufino, 36 anos, é formado em administração e atualmente estuda história. Morador de Belford Roxo, ele iniciou sua história no Bairro-Escola em Vila de Cava, mas agora gostaria de trabalhar na Prata, que é mais perto de sua casa. Mas gosta tanto do programa, “que tem uma proposta cultural enriquecedora”, trabalharia de bom-grado em qualquer lugar.
“Aprendo muito com as crianças”, afirma Marcio Rufino. Encanta-o a capacidade que elas têm de lidar com os próprios problemas, superando com o sofrimento com facilidade. “É um estímulo e uma lição de vida para nós. É como se também crescêssemos com eles.”
O mediador cultural desenvolve um trabalho com literatura e artes plásticas, e pretende realizar uma oficina inspirada no Projeto Gentileza.
Maluquices no Km 32
por Gisele Reis
A estudante de história Maria de Farias, 38 anos, está no Bairro-Escola há três anos, mas ainda se lembra como entrou no programa. “Na época, eu estudava no Rangel Pestana”, conta ela, que soube do Bairro-Escola em uma exposição feita por Maria Antonia Goulart em sua escola. “Adorei a proposta de estágio feito pela coordenadora do programa.”
Inscreveu-se na primeira fase de expansão do Bairro-Escola, quando ele chegou em Miguel Couto, bairro em que mora. “Fui escolhida e estou aqui até hoje.” O programa caiu como uma luva para ela, que gosta de crianças e desafios. “Minhas amigas brincam dizendo que sou maluca, não posso fazer nada.”
Um exemplo dessas maluquices ocorreu nas últimas férias, quando se deslocou até o Km 32 só para cuidar de crianças. “Adoro lecionar com crianças, e da bagunça durante a recreação. Sou uma agente cultural do Bairro-Escola.”
A estudante de história Maria de Farias, 38 anos, está no Bairro-Escola há três anos, mas ainda se lembra como entrou no programa. “Na época, eu estudava no Rangel Pestana”, conta ela, que soube do Bairro-Escola em uma exposição feita por Maria Antonia Goulart em sua escola. “Adorei a proposta de estágio feito pela coordenadora do programa.”
Inscreveu-se na primeira fase de expansão do Bairro-Escola, quando ele chegou em Miguel Couto, bairro em que mora. “Fui escolhida e estou aqui até hoje.” O programa caiu como uma luva para ela, que gosta de crianças e desafios. “Minhas amigas brincam dizendo que sou maluca, não posso fazer nada.”
Um exemplo dessas maluquices ocorreu nas últimas férias, quando se deslocou até o Km 32 só para cuidar de crianças. “Adoro lecionar com crianças, e da bagunça durante a recreação. Sou uma agente cultural do Bairro-Escola.”
Ampliação dos conhecimentos
por Gisele Reis
Daniele Carvalho Rodrigues, 20 anos, mora em São João do Meriti. Está no 5º período do Serviço Social na Faculdade Castelo Branco e pretende trabalhar próximo à sua casa, ou então no Centro de Nova Iguaçu.
Ela, que já trabalha com crianças em uma ong, entrou no Bairro-Escola para aprender tanto a realidade delas quanto os tipos de recreação que podem ser empregados. “Quero expandir meus conhecimentos, acrescentar mais experiência ao meu currículo, e por em prática tudo o que aprendi na faculdade.”
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Escola feita com arte
por Leandro Furtado
Carla Cordeiro Marçal tem 26 anos, mora na Prata e trabalha no colégio Menino de Deus.
Está no sétimo período de Pedagogia da UFRRJ. Já trabalhou com questões ambientais no Projeto Chico Mendes. Entrou no projeto por indicação de amigos, quase todos do Bairro-Escola. Está interessada no dinheiro, com o qual pretende bancar as xérox, livros e passagens para a universidade. Mas vê no projeto “uma bela experiência em construção”, que a está "fazendo crescer como gente e educadora", como escreveu no gentil e-mail que mandou para nós ao ler este post. Como disse no mesmo e-mail, "isso não tem preço".
Carla Marçal prefere trabalhar na oficina de cultura, onde pretende adaptar o jogo de peteca. "É um brinquedo que as crianças no final poderiam dar de presente, ou até mesmo vender.”
Carla Cordeiro Marçal tem 26 anos, mora na Prata e trabalha no colégio Menino de Deus.
Está no sétimo período de Pedagogia da UFRRJ. Já trabalhou com questões ambientais no Projeto Chico Mendes. Entrou no projeto por indicação de amigos, quase todos do Bairro-Escola. Está interessada no dinheiro, com o qual pretende bancar as xérox, livros e passagens para a universidade. Mas vê no projeto “uma bela experiência em construção”, que a está "fazendo crescer como gente e educadora", como escreveu no gentil e-mail que mandou para nós ao ler este post. Como disse no mesmo e-mail, "isso não tem preço".
Carla Marçal prefere trabalhar na oficina de cultura, onde pretende adaptar o jogo de peteca. "É um brinquedo que as crianças no final poderiam dar de presente, ou até mesmo vender.”
Entre sapos e pavões
por Leandro Furtado
A estudante de história Vanessa Coelho, 21 anos, deve passar a maior parte da sua vida dentro de um ônibus. Mora em Seropédica, estuda na UFRRJ, faz um estágio em Campo Alegre e agora está no Bairro-Escola.
É a primeira vez que trabalha com crianças, mas acredita em inspiração na hora de aplicar sua oficina. “Eles gostam muito do que faço, eu tenho total liberdade, e as crianças são ótimas.”
Ela escolheu um lugar onde quase ninguém quis trabalhar por ser de difícil acesso, mas onde as crianças são muito livres. “Elas não têm muitos preconceitos, nem muita noção de limite espacial.”
Essa nova realidade ficou marcada para ela no dia em que viu as crianças correndo atrás de um pavão, que levaram na maior algazarra para dentro da sala. “Você vê que é um modelo de escola diferente”, conta Vanessa Coelho. “Imagina, eu vou estar num lugar cheio de grama, falando de cultura e de repente pula um sapo. Vai ser uma loucura”.
A estudante de história Vanessa Coelho, 21 anos, deve passar a maior parte da sua vida dentro de um ônibus. Mora em Seropédica, estuda na UFRRJ, faz um estágio em Campo Alegre e agora está no Bairro-Escola.
É a primeira vez que trabalha com crianças, mas acredita em inspiração na hora de aplicar sua oficina. “Eles gostam muito do que faço, eu tenho total liberdade, e as crianças são ótimas.”
Ela escolheu um lugar onde quase ninguém quis trabalhar por ser de difícil acesso, mas onde as crianças são muito livres. “Elas não têm muitos preconceitos, nem muita noção de limite espacial.”
Essa nova realidade ficou marcada para ela no dia em que viu as crianças correndo atrás de um pavão, que levaram na maior algazarra para dentro da sala. “Você vê que é um modelo de escola diferente”, conta Vanessa Coelho. “Imagina, eu vou estar num lugar cheio de grama, falando de cultura e de repente pula um sapo. Vai ser uma loucura”.
Projeto sem manchas
por Leandro Furtado
Cintia Conceição Ferreira tem 31 anos, mora em Austin e trabalha na Escola José Brigagão Ferreira.
Ela, que está no sexto período de pedagogia, soube do Bairro-Escola por intermédio de amigos.
Acabou de chegar, mas já se sente em condições de comparar o conceito de cidade educadora com o de outras experiências de que participou. “O Recreio nas férias era concentrado nas atividades de lazer”, lembra a estudante. “Já no atual projeto, as oficinas terão de ser muito bem planejadas.”
Cíntia Ferreira acredita que o Bairro-Escola pode resolver algumas situações de violência doméstica. “Por exemplo, algumas crianças podem chegar com manchas roxas. O nosso papel vai ser tratar a criança com carinho e respeito, e procurar resolver a situação junto aos agressores.”
Cintia Conceição Ferreira tem 31 anos, mora em Austin e trabalha na Escola José Brigagão Ferreira.
Ela, que está no sexto período de pedagogia, soube do Bairro-Escola por intermédio de amigos.
Acabou de chegar, mas já se sente em condições de comparar o conceito de cidade educadora com o de outras experiências de que participou. “O Recreio nas férias era concentrado nas atividades de lazer”, lembra a estudante. “Já no atual projeto, as oficinas terão de ser muito bem planejadas.”
Cíntia Ferreira acredita que o Bairro-Escola pode resolver algumas situações de violência doméstica. “Por exemplo, algumas crianças podem chegar com manchas roxas. O nosso papel vai ser tratar a criança com carinho e respeito, e procurar resolver a situação junto aos agressores.”
terça-feira, 14 de abril de 2009
Luz, câmera e sala de aula
Começa hoje o terceiro ano letivo da Escola Livre de Cinema
por Josy Antunes
Cerca de 200 pessoas se espremeram nas salas da Escola Livre de Cinema na manhã do primeiro sábado de abril. Estavam ali atrás de uma das vagas para os cursos de que haviam tomado conhecimento pela mala direta da escola, disparada para os e-mails dos ex-alunos.
Em seu terceiro ano de funcionamento, a escola traz quatro cursos. A grande novidade será o curso profissionalizante, durante o qual os alunos produzirão um longa-metragem. Uma parceria com a UFRJ ensinará os ex-alunos a produzir e desenvolver seus próprios projetos. O crítico de cinema do jornal O Globo dará um curso de iniciação ao cinema. Haverá ainda o tradicional curso de animação, uma das marcas da escola.
A prova escrita, iniciada às 9h30, consistia de duas folhas de papel, que assustaram aqueles que ainda não tinham a avaliação em mãos, com um espaço destinado a experiências profissionais, ficha com dados pessoais e a pergunta – base para uma dissertação – que geraria futuras discussões: O Big Brother Brasil é ficção ou realidade?
“A questão é um dispositivo”, explicou Anderson Barnabé, um dos coordenadores da escola. “A gente quer entrar em contato com a capacidade cognitiva do aluno. Não é pra tomar partido de quem gosta ou não de BBB, mas a avaliação do aluno em relação a uma obra contemporânea.”
Ficção
Para a candidata Carine Caitano, de 17 anos, o reality show não passa de uma ficção: “Por estarem sendo vigiados por câmeras que exibem o que eles fazem fazem pra todo o Brasil e o mundo, ninguém age naturalmente”, afirma essa moradora de Caxias, que foi atraída pelos elogios de amigos que já estudaram na ELC.
Além da diversidade dos locais de origem dos candidatos – vindos em grande quantidade de Belford Roxo e Mesquita –, a mistura de idades surpreendeu os organizadores da seleção. “Pra fazer a prova, você precisa estar no segundo grau, não necessariamente tem que ter terminado”, frisou Barnabé. A faixa etária dos candidatos variou dos 17 aos 70 anos.
Na segunda fase da seleção, iniciada às 14 horas, o Secretário de Cultura e Turismo e ex-diretor da escola, Marcus Vinicius Faustini, fez um breve discurso com as informações necessárias ao apreensivo publico que havia realizado há pouco a prova escrita. “O pessoal que se inscreveu pra animação e pra aula do Rodrigo como primeira opção, já está selecionado”. Já os 66 que pretendiam fazer o curso de produção de um longa-metragem tiveram que ser sabatinados pela banca examinadora, composta por Daniel Schenker – crítico de teatro do Tribuna da Imprensa, Valquiria Ribeiro, Raul Fernandes e o próprio Faustini.
Profissional
Os candidatos, em grupos de quatro, foram questionados sobre experiências, não só na área de cinema, sobre rotina e assuntos pessoais e até sobre temas atuais, como novelas. Cristina Fernandes, após passar pela avaliação do quarteto, disse que as perguntas eram bem objetivas, pois já eram elaboradas de acordo com o desempenho na avaliação escrita. “Eu fiquei impressionada, porque a proposta aqui é bastante profissional”, conta a senhora, que ficou sabendo da seleção através de um anúncio no jornal.
Os ex-alunos só dispunham de três vagas para essa turma, que será fechada com 31 pessoas. Os que passaram pela escola em 2007 ou 2008 foram reunidos de uma só vez na sala onde ocorriam as entrevistas e tiveram a oportunidade de apresentar suas justificativas para que pudessem permanecer estudando cinema no local. O motivo para tal procedimento foi explicado em seguida por Faustini: “A gente acredita que tem que dar oportunidade a quem tá chegando agora”.
A Escola Livre de Cinema já está atendendo as crianças do Bairro-Escola, vindas das escolas municipais Jamir Clementino e Ana Maria Ramalho, que ficam nas proximidades. “A gente tá fundindo o popular tradicional da obra do Câmara Cascudo com o olhar e a narrativa do cinema. O tradicional com o contemporâneo, para desenvolver um trabalho bem focado no território dos meninos, trabalhando a partir de colagens do imaginário deles”, explicou Barnabé.
A caxiense Carine, selecionada para o curso profissionalizante à noite, já está na expectativa das aulas, que começam hoje. “Não tenho experiência nenhuma. Tenho muita vontade de aprender”, declara.
Interatividade:
Se pudesse produzir um filme em Nova Iguaçu, qual tema você abordaria?
por Josy Antunes
Cerca de 200 pessoas se espremeram nas salas da Escola Livre de Cinema na manhã do primeiro sábado de abril. Estavam ali atrás de uma das vagas para os cursos de que haviam tomado conhecimento pela mala direta da escola, disparada para os e-mails dos ex-alunos.
Em seu terceiro ano de funcionamento, a escola traz quatro cursos. A grande novidade será o curso profissionalizante, durante o qual os alunos produzirão um longa-metragem. Uma parceria com a UFRJ ensinará os ex-alunos a produzir e desenvolver seus próprios projetos. O crítico de cinema do jornal O Globo dará um curso de iniciação ao cinema. Haverá ainda o tradicional curso de animação, uma das marcas da escola.
A prova escrita, iniciada às 9h30, consistia de duas folhas de papel, que assustaram aqueles que ainda não tinham a avaliação em mãos, com um espaço destinado a experiências profissionais, ficha com dados pessoais e a pergunta – base para uma dissertação – que geraria futuras discussões: O Big Brother Brasil é ficção ou realidade?
“A questão é um dispositivo”, explicou Anderson Barnabé, um dos coordenadores da escola. “A gente quer entrar em contato com a capacidade cognitiva do aluno. Não é pra tomar partido de quem gosta ou não de BBB, mas a avaliação do aluno em relação a uma obra contemporânea.”
Ficção
Para a candidata Carine Caitano, de 17 anos, o reality show não passa de uma ficção: “Por estarem sendo vigiados por câmeras que exibem o que eles fazem fazem pra todo o Brasil e o mundo, ninguém age naturalmente”, afirma essa moradora de Caxias, que foi atraída pelos elogios de amigos que já estudaram na ELC.
Além da diversidade dos locais de origem dos candidatos – vindos em grande quantidade de Belford Roxo e Mesquita –, a mistura de idades surpreendeu os organizadores da seleção. “Pra fazer a prova, você precisa estar no segundo grau, não necessariamente tem que ter terminado”, frisou Barnabé. A faixa etária dos candidatos variou dos 17 aos 70 anos.
Na segunda fase da seleção, iniciada às 14 horas, o Secretário de Cultura e Turismo e ex-diretor da escola, Marcus Vinicius Faustini, fez um breve discurso com as informações necessárias ao apreensivo publico que havia realizado há pouco a prova escrita. “O pessoal que se inscreveu pra animação e pra aula do Rodrigo como primeira opção, já está selecionado”. Já os 66 que pretendiam fazer o curso de produção de um longa-metragem tiveram que ser sabatinados pela banca examinadora, composta por Daniel Schenker – crítico de teatro do Tribuna da Imprensa, Valquiria Ribeiro, Raul Fernandes e o próprio Faustini.
Profissional
Os candidatos, em grupos de quatro, foram questionados sobre experiências, não só na área de cinema, sobre rotina e assuntos pessoais e até sobre temas atuais, como novelas. Cristina Fernandes, após passar pela avaliação do quarteto, disse que as perguntas eram bem objetivas, pois já eram elaboradas de acordo com o desempenho na avaliação escrita. “Eu fiquei impressionada, porque a proposta aqui é bastante profissional”, conta a senhora, que ficou sabendo da seleção através de um anúncio no jornal.
Os ex-alunos só dispunham de três vagas para essa turma, que será fechada com 31 pessoas. Os que passaram pela escola em 2007 ou 2008 foram reunidos de uma só vez na sala onde ocorriam as entrevistas e tiveram a oportunidade de apresentar suas justificativas para que pudessem permanecer estudando cinema no local. O motivo para tal procedimento foi explicado em seguida por Faustini: “A gente acredita que tem que dar oportunidade a quem tá chegando agora”.
A Escola Livre de Cinema já está atendendo as crianças do Bairro-Escola, vindas das escolas municipais Jamir Clementino e Ana Maria Ramalho, que ficam nas proximidades. “A gente tá fundindo o popular tradicional da obra do Câmara Cascudo com o olhar e a narrativa do cinema. O tradicional com o contemporâneo, para desenvolver um trabalho bem focado no território dos meninos, trabalhando a partir de colagens do imaginário deles”, explicou Barnabé.
A caxiense Carine, selecionada para o curso profissionalizante à noite, já está na expectativa das aulas, que começam hoje. “Não tenho experiência nenhuma. Tenho muita vontade de aprender”, declara.
Interatividade:
Se pudesse produzir um filme em Nova Iguaçu, qual tema você abordaria?
Aprende brincando
por Camila Elen
O primeiro contato profissional que a estudante de letras Elize Fonseca, 21 anos, manteve com as crianças foi dando-lhes aula de inclusão digital nos telecentros de Nova Iguaçu. “Usava as datas comemorativas para ensinar informática”, explica essa moradora de Santa Rita. Estendeu essa experiência quando trabalhou em dois colégios particulares, nos quais foi professora para crianças que iam dos cinco aos 12 anos. Está empolgada com o Bairro-Escola, cujo horário integral permite que as crianças aprendam a ler ao mesmo tempo que se divertem. “O processo de recortar e colar pode tornar a oficina mais didática, como se fosse uma aula de reforço.”
O primeiro contato profissional que a estudante de letras Elize Fonseca, 21 anos, manteve com as crianças foi dando-lhes aula de inclusão digital nos telecentros de Nova Iguaçu. “Usava as datas comemorativas para ensinar informática”, explica essa moradora de Santa Rita. Estendeu essa experiência quando trabalhou em dois colégios particulares, nos quais foi professora para crianças que iam dos cinco aos 12 anos. Está empolgada com o Bairro-Escola, cujo horário integral permite que as crianças aprendam a ler ao mesmo tempo que se divertem. “O processo de recortar e colar pode tornar a oficina mais didática, como se fosse uma aula de reforço.”
Constante renovação
por Camila Elen
Foto Gisele Reis
Um dos muitos aspectos que Rosangela Teixeira, 45 anos, admira no Bairro-Escola é que o programa está sempre se renovando. Daí, o seu entusiasmo com as oficinas sobre o brasão aplicadas no início do horário integral. “É um mundo novo para as crianças poderem construir e reconstruir um símbolo oficial”, acredita essa moradora do Jardim Alvorada, que, mesmo saindo exausta das atividades de que participou no horário integral, adora trabalhar com as crianças.
Foto Gisele Reis
Um dos muitos aspectos que Rosangela Teixeira, 45 anos, admira no Bairro-Escola é que o programa está sempre se renovando. Daí, o seu entusiasmo com as oficinas sobre o brasão aplicadas no início do horário integral. “É um mundo novo para as crianças poderem construir e reconstruir um símbolo oficial”, acredita essa moradora do Jardim Alvorada, que, mesmo saindo exausta das atividades de que participou no horário integral, adora trabalhar com as crianças.
Uma troca muito intensa
por Camila Elen
Diego Arantes, 23 anos, está empolgado com o processo de formação das segundas-feiras, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. “É uma troca muito intensa”, afirma esse morador de Nilópolis, que já trabalhou com crianças do terceiro e quarto anos do primeiro segmento. Sonha com as oficinas de leitura, por intermédio das quais quer ajudar no processo de alfabetização das crianças.
Diego Arantes, 23 anos, está empolgado com o processo de formação das segundas-feiras, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. “É uma troca muito intensa”, afirma esse morador de Nilópolis, que já trabalhou com crianças do terceiro e quarto anos do primeiro segmento. Sonha com as oficinas de leitura, por intermédio das quais quer ajudar no processo de alfabetização das crianças.
Entusiasmo pela leitura
por Camila Ellen
A estudante de letras Tatiana Braga, 20 anos, entrou no Bairro-Escola com o objetivo de ampliar sua rede de relações e de conhecimentos. Moradora de Nilópolis, a mediadora cultural também enxerga no projeto, que considera “muito inovador”, uma possibilidade de estreitar as relações com as crianças. Sua experiência profissional está restrita a aulas particulares de matemática e português para crianças, mas agora pretende trabalhar com oficinas de leitura no bairro da Posse. “Quero montar peças de teatro infantil para despertar o entusiasmo pela leitura”, conta a estudante. Tatiana Braga também quer utilizar recortes e colagens para ativar o processo de curiosidade nas crianças.
A estudante de letras Tatiana Braga, 20 anos, entrou no Bairro-Escola com o objetivo de ampliar sua rede de relações e de conhecimentos. Moradora de Nilópolis, a mediadora cultural também enxerga no projeto, que considera “muito inovador”, uma possibilidade de estreitar as relações com as crianças. Sua experiência profissional está restrita a aulas particulares de matemática e português para crianças, mas agora pretende trabalhar com oficinas de leitura no bairro da Posse. “Quero montar peças de teatro infantil para despertar o entusiasmo pela leitura”, conta a estudante. Tatiana Braga também quer utilizar recortes e colagens para ativar o processo de curiosidade nas crianças.
Oficina de aprendizagem
por Felipe Rodrigo
O estudante de pedagogia Filipe Oliveira Leão, 21 anos, é morador de Belford Roxo. Ele entrou para o Bairro-Escola com o desejo de dar continuidade ao trabalho com as crianças, iniciado no curso normal. “Se puder escolher, prefiro a oficina de aprendizagem, na minha avaliação a mais produtiva”.
O estudante de pedagogia Filipe Oliveira Leão, 21 anos, é morador de Belford Roxo. Ele entrou para o Bairro-Escola com o desejo de dar continuidade ao trabalho com as crianças, iniciado no curso normal. “Se puder escolher, prefiro a oficina de aprendizagem, na minha avaliação a mais produtiva”.
Aprendendo com as crianças
por Felipe Rodrigo
Andrea Ramos tem 25 anos e mora na Lagoinha. É formada em Geografia e atualmente está totalmente integrada ao programa da Secretaria de Cultura.
“Entrei para o Bairro-Escola para adquirir experiência com as crianças da Baixada, e sei que o contato do dia-a-dia será altamente gratificante para o meu crescimento e o aprendizado das crianças do projeto."
Andrea Ramos tem 25 anos e mora na Lagoinha. É formada em Geografia e atualmente está totalmente integrada ao programa da Secretaria de Cultura.
“Entrei para o Bairro-Escola para adquirir experiência com as crianças da Baixada, e sei que o contato do dia-a-dia será altamente gratificante para o meu crescimento e o aprendizado das crianças do projeto."
O valor da experiência
por Felipe Rodrigo
Maria Rita dos Santos Dias, 46 anos, é moradora da Pavuna e tem somente o ensino fundamental, mas acredita que sua experiência de vida é o fator mais importante. “Adoro conviver com crianças e acredito poder transmitir um pouco de meus conhecimentos para elas”, conta. Parte desses conhecimentos, ela os adquiriu no contato diário com as crianças e adolescentes que frequentam sua igreja. “Isso me deu bastante experiência de vida.”
Maria Rita acredita que, com o projeto, poderá ampliar seus conhecimentos e fazer novas amizades.
Maria Rita dos Santos Dias, 46 anos, é moradora da Pavuna e tem somente o ensino fundamental, mas acredita que sua experiência de vida é o fator mais importante. “Adoro conviver com crianças e acredito poder transmitir um pouco de meus conhecimentos para elas”, conta. Parte desses conhecimentos, ela os adquiriu no contato diário com as crianças e adolescentes que frequentam sua igreja. “Isso me deu bastante experiência de vida.”
Maria Rita acredita que, com o projeto, poderá ampliar seus conhecimentos e fazer novas amizades.
Sorriso no rosto
por Felipe Rodrigo
Eloísa Nascimento Bonfim dos Anjos tem 35 anos, é professora e mora no centro de Nilópolis. Tem filhos pequenos e acredita que sua experiência na educação dos filhos vai ajudar no seu trabalho como oficineira.
Ela prefere trabalhar nas oficinas de cultura, e se possível em outros futuros projetos da Prefeitura. “Entrei para o Bairro-Escola porque adoro lidar com crianças e pelo contato que tenho tido com outras pessoas. Vou trabalhar com alegria, sempre com um sorriso”, afirma.
Eloísa Nascimento Bonfim dos Anjos tem 35 anos, é professora e mora no centro de Nilópolis. Tem filhos pequenos e acredita que sua experiência na educação dos filhos vai ajudar no seu trabalho como oficineira.
Ela prefere trabalhar nas oficinas de cultura, e se possível em outros futuros projetos da Prefeitura. “Entrei para o Bairro-Escola porque adoro lidar com crianças e pelo contato que tenho tido com outras pessoas. Vou trabalhar com alegria, sempre com um sorriso”, afirma.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Bairro-Faculdade
CPV começa com 21 turmas, seis a mais do que no ano passado
por Lucas Lima e Leonardo Oliveira
Com o objetivo de democratizar o acesso às universidades públicas federais, a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu fechou uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ para criar o Curso Pré-Vestibular – CPV, um projeto integrado ao Bairro-Escola.
O programa teve seu inicio no ano de 2006, com apenas 450 vagas. Devido ao sucesso do projeto, hoje ele oferece cerca de mil vagas. O curso é integralmente financiado pela prefeitura. Totalmente gratuito, o curso, além de não cobrar taxa de inscrição, oferece material didático, uniforme e direito a passe escolar.
Os candidatos já devem ter concluído o ensino médio ou estar cursando o mesmo. Além disso, só podem participar do CPV moradores de Nova Iguaçu que tenham sido aprovados em uma prova de seleção. O pré-vestibular tem duração de 10 meses, com início em março e término em dezembro. As aulas são realizadas no período noturno de segunda a sextas-feiras e pela manhã aos sábados.
Para que o CPV possa atender a um grande número de moradores do município, as aulas são ministradas em unidades distribuídas em pontos estratégicos: as escolas municipais Rubens Falcão, Julio Rabello, Douglas Brasil, Venina Correa, Monteiro Lobato e no colégio Menino de Deus. Este ano o curso formou 21 turmas, seis a mais que 2008.
Todos os professores do CPV-NI são alunos de graduação e pós-graduação da UFRJ. Eles são orientados semanalmente por professores concursados dessa universidade, para que possam trazer toda a qualidade necessária para as salas das escolas de Nova Iguaçu.
Terceira idade
A maioria dos alunos do CPV tem entre 17 e 25 anos, mas o projeto também está aberto para pessoas da terceira idade. "Fiz a prova com o meu filho só para acompanhá-lo e passamos os dois", conta a operadora de telemarketing Ademaria Lopes, que guarda a sua idade sob sete chaves. Dedicada, Ademaria ignorou a saída do filho e o fato de ter passado para UFRRJ, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. "Estou aguardando na lista de reclassificação." Enquanto a lista não, ela não perde uma aula.
José Ribeiro do Amaral também não está no seu primeiro como pré-vestibulando. "No primeiro ano minha mulher teve problemas de saúde e precisei sair para cuidar dela", conta Seu Amaral, como é conhecido por todos. Seu Amaral, que só tem elogios para o CPV, conheceu o projeto por intermédio de uma vizinha. "Ela me falou que estava trabalhando em um pré-vestibular da UFRJ e disse pra que fizesse a prova", acrescenta ele. "Gostei muito do CPV, que é uma ótima iniciativa da prefeitura."
O curso também é procurado por pessoas que já têm profissões definidas, mas que esperam alcançar um melhor desempenho profissional. "As pessoas do meu convívio acharam muito legal porque no meu meio qualquer coisa que a gente faz pra se atualizar é muito importante", conta Sueli Batista, 45 anos. "Meus amigos acharam lindo, porque eu estou igual criança no meio dos jovens", brinca a professora do primeiro segmento do ensino fundamental, que dá aula para crianças especiais.
As faixas etárias também são diferentes entre os professores do CPV. Mas isso não é um problema para a Roseane Carneiro, 45 anos, que cursa licenciatura de Letras e já está pensando em entrar num mestrado. "Sempre gostei de estudar, está dentro de mim", afirma Roseane.
As diferentes faixas etárias tanto entre alunos quanto entre professores não cria problemas de relacionamento. "O meu relacionamento com as pessoas é da melhor qualidade, o que me deixou até surpreso", revela Seu Amaral. Roseane Carneiro também se dá bem com todo mundo. "Nunca tive problemas quanto à minha idade, pois embora os jovens sejam a maioria na faculdade, lá também as idades são bem misturadas."
por Lucas Lima e Leonardo Oliveira
Com o objetivo de democratizar o acesso às universidades públicas federais, a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu fechou uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ para criar o Curso Pré-Vestibular – CPV, um projeto integrado ao Bairro-Escola.
O programa teve seu inicio no ano de 2006, com apenas 450 vagas. Devido ao sucesso do projeto, hoje ele oferece cerca de mil vagas. O curso é integralmente financiado pela prefeitura. Totalmente gratuito, o curso, além de não cobrar taxa de inscrição, oferece material didático, uniforme e direito a passe escolar.
Os candidatos já devem ter concluído o ensino médio ou estar cursando o mesmo. Além disso, só podem participar do CPV moradores de Nova Iguaçu que tenham sido aprovados em uma prova de seleção. O pré-vestibular tem duração de 10 meses, com início em março e término em dezembro. As aulas são realizadas no período noturno de segunda a sextas-feiras e pela manhã aos sábados.
Para que o CPV possa atender a um grande número de moradores do município, as aulas são ministradas em unidades distribuídas em pontos estratégicos: as escolas municipais Rubens Falcão, Julio Rabello, Douglas Brasil, Venina Correa, Monteiro Lobato e no colégio Menino de Deus. Este ano o curso formou 21 turmas, seis a mais que 2008.
Todos os professores do CPV-NI são alunos de graduação e pós-graduação da UFRJ. Eles são orientados semanalmente por professores concursados dessa universidade, para que possam trazer toda a qualidade necessária para as salas das escolas de Nova Iguaçu.
Terceira idade
A maioria dos alunos do CPV tem entre 17 e 25 anos, mas o projeto também está aberto para pessoas da terceira idade. "Fiz a prova com o meu filho só para acompanhá-lo e passamos os dois", conta a operadora de telemarketing Ademaria Lopes, que guarda a sua idade sob sete chaves. Dedicada, Ademaria ignorou a saída do filho e o fato de ter passado para UFRRJ, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. "Estou aguardando na lista de reclassificação." Enquanto a lista não, ela não perde uma aula.
José Ribeiro do Amaral também não está no seu primeiro como pré-vestibulando. "No primeiro ano minha mulher teve problemas de saúde e precisei sair para cuidar dela", conta Seu Amaral, como é conhecido por todos. Seu Amaral, que só tem elogios para o CPV, conheceu o projeto por intermédio de uma vizinha. "Ela me falou que estava trabalhando em um pré-vestibular da UFRJ e disse pra que fizesse a prova", acrescenta ele. "Gostei muito do CPV, que é uma ótima iniciativa da prefeitura."
O curso também é procurado por pessoas que já têm profissões definidas, mas que esperam alcançar um melhor desempenho profissional. "As pessoas do meu convívio acharam muito legal porque no meu meio qualquer coisa que a gente faz pra se atualizar é muito importante", conta Sueli Batista, 45 anos. "Meus amigos acharam lindo, porque eu estou igual criança no meio dos jovens", brinca a professora do primeiro segmento do ensino fundamental, que dá aula para crianças especiais.
As faixas etárias também são diferentes entre os professores do CPV. Mas isso não é um problema para a Roseane Carneiro, 45 anos, que cursa licenciatura de Letras e já está pensando em entrar num mestrado. "Sempre gostei de estudar, está dentro de mim", afirma Roseane.
As diferentes faixas etárias tanto entre alunos quanto entre professores não cria problemas de relacionamento. "O meu relacionamento com as pessoas é da melhor qualidade, o que me deixou até surpreso", revela Seu Amaral. Roseane Carneiro também se dá bem com todo mundo. "Nunca tive problemas quanto à minha idade, pois embora os jovens sejam a maioria na faculdade, lá também as idades são bem misturadas."
Educação contra a cobra
por Letícia da Rocha e Lucas Lima
A estudante de tetras Ingrid Michele Reis de Lima, de 23 anos, gosta de trabalhar com crianças, experiência adquirida em trabalho com crianças do ensino fundamental. Teve contato com o Bairro-Escola por intermédio de um amigo e está mexendo seus pauzinhos para ser alocada no Jardim Nova Era. "Soube que é um lugar muito carente", conta. "Me disseram que as crianças comem cobra lá." Ela espera reverter esse quadro de pobreza por intermédio da educação.
A estudante de tetras Ingrid Michele Reis de Lima, de 23 anos, gosta de trabalhar com crianças, experiência adquirida em trabalho com crianças do ensino fundamental. Teve contato com o Bairro-Escola por intermédio de um amigo e está mexendo seus pauzinhos para ser alocada no Jardim Nova Era. "Soube que é um lugar muito carente", conta. "Me disseram que as crianças comem cobra lá." Ela espera reverter esse quadro de pobreza por intermédio da educação.
Desafio constante
por Letícia da Rocha e Lucas Lima
Fabiana de Amorim tem 25 anos. É moradora da Abolição no Rio de Janeiro e estuda Pedagogia na UERJ. Conheceu o projeto por intermédio de uma amiga da faculdade. Sua experiência já dura um ano. "O projeto atendeu as minhas expectativas iniciais, pois é um desafio constante, nunca dá pra fazer como você tinha planejado." Além disso, encanta-a o fato de o projeto tirar as crianças da rua. "Ele dá oportunidades para elas”, afirma.
Fabiana de Amorim tem 25 anos. É moradora da Abolição no Rio de Janeiro e estuda Pedagogia na UERJ. Conheceu o projeto por intermédio de uma amiga da faculdade. Sua experiência já dura um ano. "O projeto atendeu as minhas expectativas iniciais, pois é um desafio constante, nunca dá pra fazer como você tinha planejado." Além disso, encanta-a o fato de o projeto tirar as crianças da rua. "Ele dá oportunidades para elas”, afirma.
Cidade formidável
por Letícia da Rocha e Lucas Lima
Josédina Viga dos Santos, que tem 35 anos e é professora da educação infantil, soube do programa na faculdade Estácio de Sá, onde cursa pedagogia. Ela vê no Bairro-Escola uma mudança para a educação iguaçuana. “Acho um projeto importantíssimo na área da educação, uma inovação que já estava constando na lei, a educação em tempo integral. Nova Iguaçu abraçou a idéia, está sendo formidável.”
Josédina Viga dos Santos, que tem 35 anos e é professora da educação infantil, soube do programa na faculdade Estácio de Sá, onde cursa pedagogia. Ela vê no Bairro-Escola uma mudança para a educação iguaçuana. “Acho um projeto importantíssimo na área da educação, uma inovação que já estava constando na lei, a educação em tempo integral. Nova Iguaçu abraçou a idéia, está sendo formidável.”
A moradora de Mesquita, que se desloca para Vila Nova, no colégio Capistrano de Abreu, espera que este ano tudo continue dando certo. “É a oportunidade que o governo tem de aprimorar o projeto e fazer de Nova Iguaçu uma cidade educadora"
O desafio da ledora
por Letícia da Rocha e Lucas Lima
Maria Carolina Gonçalves da Silva, 28 anos, entrou no Bairro-Escola há cerca de um mês, mais precisamente na Escola Municipal Menino de Deus, na Prata. Ela soube do programa por intermédio de um amigo. Embora não se assuste com o desafio de fazer oficinas culturais, Maria Carolina admite que jamais tenha trabalhado com crianças tão pequenas. "Trabalho lendo e escrevendo para uma psicóloga que é deficiente visual", conta.
Para essa moradora de Duque de Caxias, o grande problema do Bairro-Escola é fazer as "diretoras e coordenadoras entenderem a proposta do projeto". Sua maior expectativa é colocar em prática as oficinas de aprendizagem nas segundas-feiras, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.
Maria Carolina Gonçalves da Silva, 28 anos, entrou no Bairro-Escola há cerca de um mês, mais precisamente na Escola Municipal Menino de Deus, na Prata. Ela soube do programa por intermédio de um amigo. Embora não se assuste com o desafio de fazer oficinas culturais, Maria Carolina admite que jamais tenha trabalhado com crianças tão pequenas. "Trabalho lendo e escrevendo para uma psicóloga que é deficiente visual", conta.
Para essa moradora de Duque de Caxias, o grande problema do Bairro-Escola é fazer as "diretoras e coordenadoras entenderem a proposta do projeto". Sua maior expectativa é colocar em prática as oficinas de aprendizagem nas segundas-feiras, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Pontos no currículo
por Flávia Sá
Suelane Camelo de Araújo tem 23 anos e está no quarto período de história Universidade Rural. “Tenho curso de professora de nível médio completo e acredito que isso vai me ajudar muito na orientação da crianças”, acredita ela, que resolveu ingressar no Bairro-Escola por acreditar que o programa possa preparar as crianças para o futuro. Mas Suelane não estava pensando apenas nas crianças, quando abraçou a causa da cidade educadora. “Acho que vai acrescentar pontos ao meu currículo e será um bom complemento para a minha formação acadêmica.”
Suelane Camelo de Araújo tem 23 anos e está no quarto período de história Universidade Rural. “Tenho curso de professora de nível médio completo e acredito que isso vai me ajudar muito na orientação da crianças”, acredita ela, que resolveu ingressar no Bairro-Escola por acreditar que o programa possa preparar as crianças para o futuro. Mas Suelane não estava pensando apenas nas crianças, quando abraçou a causa da cidade educadora. “Acho que vai acrescentar pontos ao meu currículo e será um bom complemento para a minha formação acadêmica.”
Brasão do cotidiano
Mediadores culturais aumentam repertório na formação das segundas-feiras
por Fernanda Bastos e Jéssica de Oliveira
O projeto Bairro-Escola, programa implantado pela Prefeitura de Nova Iguaçu há três anos, tem como objetivo integrar atividades culturais, educativas, esportivas e pedagógicas nas 58 escolas municipais de 30 bairros. Devido à excelência do projeto, ele está sendo implantado não só em vários estados, como também em outros países. Os 80 mediadores culturais do programa se reúnem todas as segundas-feiras para um longo processo de formação, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. O objetivo da formação da última segunda-feira, coordenada pela artista plástica Júlia Csekö, 28 anos, e pelo secretário de Cultura e Turismo, Marcus Vinicius Faustini, 38 anos, era aumentar o repertório de truques dos mediadores das oficinas culturais.
A oficina cultural que está sendo implementada foi batizada de “Brasão do Descobrimento”. A tarefa implica criar um brasão, símbolo de nossa cidade, de uma forma peculiar, buscando relacionar artes plásticas com o cotidiano. Seu objetivo é aflorar a capacidade criativa das crianças do ensino fundamental.
Forma direta e tátil
por Fernanda Bastos e Jéssica de Oliveira
O projeto Bairro-Escola, programa implantado pela Prefeitura de Nova Iguaçu há três anos, tem como objetivo integrar atividades culturais, educativas, esportivas e pedagógicas nas 58 escolas municipais de 30 bairros. Devido à excelência do projeto, ele está sendo implantado não só em vários estados, como também em outros países. Os 80 mediadores culturais do programa se reúnem todas as segundas-feiras para um longo processo de formação, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. O objetivo da formação da última segunda-feira, coordenada pela artista plástica Júlia Csekö, 28 anos, e pelo secretário de Cultura e Turismo, Marcus Vinicius Faustini, 38 anos, era aumentar o repertório de truques dos mediadores das oficinas culturais.
A oficina cultural que está sendo implementada foi batizada de “Brasão do Descobrimento”. A tarefa implica criar um brasão, símbolo de nossa cidade, de uma forma peculiar, buscando relacionar artes plásticas com o cotidiano. Seu objetivo é aflorar a capacidade criativa das crianças do ensino fundamental.
Forma direta e tátil
No período matinal, todos os oficineiros participaram de uma “atividade norte”, onde receberam estímulos da facilitadora e mediadora de artes plástica Júlia Csekö. “O objetivo da tarefa que ofereci era proporcionar uma experiência de troca, criando um pensamento crítico e de reflexão”, conta Júlia Csekö, que é formada em artes visuais pela UFRJ. Na tarefa que sugeriu aos mediadores das oficinas culturais, eles tinham que criar personagens a partir de recortes de revistas e jornais.
Na segunda parte da reunião, os mediadores culturais receberam instruções e dicas do secretário de Cultura e Turismo, Marcus Vinicius Faustini. Em sua palestra, houve diversas sugestões de como buscar imagens que incitem a reciclagem e re-significação de idéias e figuras representativas do descobrimento do Brasil, buscando associar educação às brincadeiras infantis. “Como mediadores, vocês têm que resgatar as experiências atuais das crianças e aplicá-las no brasão de forma direta e tátil, fazendo com que a imagem fale por si só e as crianças se sintam atraídas pela história do descobrimento”, explica durante uma apresentação de slides informativos. O objetivo geral é desenvolver nas crianças habilidades de pensamento comparativo dos conteúdos do tema com elementos do seu território e vida.
Cheio de gás
Luciana de Farias Silva, de 22 anos, moradora do Bairro Comendador Soares, conheceu o projeto por intermédio de uma amiga que já trabalha no Bairro-Escola. Cursou Petróleo e Gás na universidade Estácio da Sá, mas viu no projeto uma oportunidade de expandir os conhecimentos obtidos na faculdade. É a primeira vez que dá aulas para crianças, mas já tem uma oficina preferida. “Achei o projeto muito interessante”, diz ele, que no momento só trabalha no Bairro-Escola.
Aulas de história
por Luíza Alves
Renan Grossi Leopoldino, de 20 anos, morador de Nilópolis, está cursando história na faculdade UNIABEU. Soube do Bairro-Escola por intermédio de um amigo, que já trabalha no programa educacional que está mudando a face da cidade. “Achei o projeto muito interessante e como já dou aulas, resolvi ingressar”, conta ele, que também trabalha no colégio Albert Einstein. Renan ainda não participou de nenhuma oficina cultural, mas tem esperança de ser alocado em Jardim Iguaçu, Austim ou Comendador Soares.
Renan Grossi Leopoldino, de 20 anos, morador de Nilópolis, está cursando história na faculdade UNIABEU. Soube do Bairro-Escola por intermédio de um amigo, que já trabalha no programa educacional que está mudando a face da cidade. “Achei o projeto muito interessante e como já dou aulas, resolvi ingressar”, conta ele, que também trabalha no colégio Albert Einstein. Renan ainda não participou de nenhuma oficina cultural, mas tem esperança de ser alocado em Jardim Iguaçu, Austim ou Comendador Soares.
Novos conhecimentos
por Luiza Alves
Daniele Aguiar, de 31 anos, moradora do bairro da Prata, está cursando o sexto período de pedagogia na universidade Estácio da Sá. Ela conheceu o projeto por intermédio de uma amiga da faculdade. “Vi uma oportunidade de ampliar meus conhecimentos ao mesmo tempo que ganhava um dinheirinho”, conta ela, que está alocada no Jardim Tropical. Essa é sua primeira experiência de trabalho com crianças.
Daniele Aguiar, de 31 anos, moradora do bairro da Prata, está cursando o sexto período de pedagogia na universidade Estácio da Sá. Ela conheceu o projeto por intermédio de uma amiga da faculdade. “Vi uma oportunidade de ampliar meus conhecimentos ao mesmo tempo que ganhava um dinheirinho”, conta ela, que está alocada no Jardim Tropical. Essa é sua primeira experiência de trabalho com crianças.
Projetos sociais
por Nany Rabello
Morando e trabalhando na Mangueira, Elida Cristina Barbosa Silva, 27 anos, desembarca nas oficinas culturais com mais de um ano no EJA da UFRJ na bagagem. Foi por causa dessa experiência com projetos sociais que se sentiu encorajada a fazer o teste para o Bairro-Escola, do qual soube por intermédio de uma amiga. “Ela também vai começar agora”, conta Elida. O fato de estar com o tempo ocioso também foi um grande estímulo para que fizesse a prova.
Morando e trabalhando na Mangueira, Elida Cristina Barbosa Silva, 27 anos, desembarca nas oficinas culturais com mais de um ano no EJA da UFRJ na bagagem. Foi por causa dessa experiência com projetos sociais que se sentiu encorajada a fazer o teste para o Bairro-Escola, do qual soube por intermédio de uma amiga. “Ela também vai começar agora”, conta Elida. O fato de estar com o tempo ocioso também foi um grande estímulo para que fizesse a prova.
Experiência em educação infantil
por Nany Rabello
A pedagoga Ana Cristina Santos Ramos, 29 anos, soube do Bairro-Escola por intermédio de uma estagiária da UERJ, onde estudou até se formar. “Como já tinha experiência com educação infantil, acabei me interessando pelo projeto”, conta essa moradora do bairro de Lagoinha, que está alocada no bairro de Todos os Santos, no Km 39.
A pedagoga Ana Cristina Santos Ramos, 29 anos, soube do Bairro-Escola por intermédio de uma estagiária da UERJ, onde estudou até se formar. “Como já tinha experiência com educação infantil, acabei me interessando pelo projeto”, conta essa moradora do bairro de Lagoinha, que está alocada no bairro de Todos os Santos, no Km 39.
Experiência
por Nany Rabello
A estudante de letras Jorgina do Nascimento Martins, 43 anos, já trabalha com crianças de crianças do primeiro ao quarto anos. Mas foi para ganhar experiência que essa moradora de São João de Meriti resolveu entrar no Bairro-Escola, no qual está alocada na Califórnia. Solteira e fazendo o quinto período de letras, Jorgina soube do projeto que está revolucionando as escolas da cidade por intermédio de amigos.
A estudante de letras Jorgina do Nascimento Martins, 43 anos, já trabalha com crianças de crianças do primeiro ao quarto anos. Mas foi para ganhar experiência que essa moradora de São João de Meriti resolveu entrar no Bairro-Escola, no qual está alocada na Califórnia. Solteira e fazendo o quinto período de letras, Jorgina soube do projeto que está revolucionando as escolas da cidade por intermédio de amigos.
Trabalho com as crianças
por Nany Rabello
Os anos passados na escola normal deram à estudante de pedagogia Jaqueline Dias Rangel Pereira, 28 anos, a experiência necessária para enfrentar o desafio das oficinas culturais do Bairro Escola. “Soube do projeto por uma amiga”, lembra essa moradora de São Bernardo,em Belford Roxo. Alocada na Cerâmica, Jaqueline Dias arregaçou as mangas porque sempre gostou de trabalhar com crianças.
Os anos passados na escola normal deram à estudante de pedagogia Jaqueline Dias Rangel Pereira, 28 anos, a experiência necessária para enfrentar o desafio das oficinas culturais do Bairro Escola. “Soube do projeto por uma amiga”, lembra essa moradora de São Bernardo,
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Invasão anime completa seis anos
Festa de seis anos do Anima Shinta Wine lota Sylvio Monteiro
por Josy Antunes // foto Getúlio Ribeiro
Mais uma vez, uma pequena multidão de jovens invadiu o teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro para celebrar a paixão pelos desenhos animados japoneses, mais conhecidos como animes. Tem sido assim desde os dias 04 e 05 de abril de 2003, quando Marcelo Shinta promoveu o primeiro Anima Shinta no Sesc de Nova Iguaçu. O evento, batizado dessa forma em homenagem ao bordão do personagem Ken Shin, ocorre há seis anos no último fim de semana de cada mês. Há pouco tempo o nome passou para Anime Shinta Wine devido a um outro desenho.
O evento cobra entrada de R$5, mas quem leva um quilo de alimento não perecível, que são recolhidos para doação ao projeto “Amar é viver”, ganha um desconto de R$ 1. Talvez não fizesse diferença para os cerca de 500 jovens que circulam pelo teatro das 10h às 17h, à procura de acessórios, games, brindes e disputas de fantasias. Embora jamais tenha havido confusão no Anima Shinta Wine, o organizador faz questão de contratar seguranças para revistar todos os jovens na entrada. Dentro do teatro eles estão sendo constantemente observados.
A maioria dos frequentadores, jovens entre 15 e 25 anos, assume apelidos retirados da própria onda anime. Dalva Reggiardo, por exemplo, é pouco conhecida pelo seu verdadeiro nome. O correto é chamá-la de Tswki. Aos 19 anos, a jovem encontra no evento a aceitação que não em tem outros locais. “Aqui é o nosso mundo”, explica. Vestida como a personagem Decora Kigurumi, ela frequenta o Anime Shinta há dois anos. Já Rywka – Tayná Mendonça – estava participando do encontro pela primeira vez. Seguidora da tendência há cinco anos, Tayná, que tem 15 anos, já quase foi expulsa de casa devido seus gostos peculiares. “Minha mãe não aceita meu estilo”, diz a moça, que foi ao encontro no Sylvio Monteiro com o Visual Key. “Ficamos entre a nossa comunidade. Temos liberdade de expressão!”
Interatividade
Mande fotos em que você esteja vestido como um personagem de anime, para que possamos ilustrar esta matéria.
por Josy Antunes // foto Getúlio Ribeiro
Mais uma vez, uma pequena multidão de jovens invadiu o teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro para celebrar a paixão pelos desenhos animados japoneses, mais conhecidos como animes. Tem sido assim desde os dias 04 e 05 de abril de 2003, quando Marcelo Shinta promoveu o primeiro Anima Shinta no Sesc de Nova Iguaçu. O evento, batizado dessa forma em homenagem ao bordão do personagem Ken Shin, ocorre há seis anos no último fim de semana de cada mês. Há pouco tempo o nome passou para Anime Shinta Wine devido a um outro desenho.
O evento cobra entrada de R$5, mas quem leva um quilo de alimento não perecível, que são recolhidos para doação ao projeto “Amar é viver”, ganha um desconto de R$ 1. Talvez não fizesse diferença para os cerca de 500 jovens que circulam pelo teatro das 10h às 17h, à procura de acessórios, games, brindes e disputas de fantasias. Embora jamais tenha havido confusão no Anima Shinta Wine, o organizador faz questão de contratar seguranças para revistar todos os jovens na entrada. Dentro do teatro eles estão sendo constantemente observados.
A maioria dos frequentadores, jovens entre 15 e 25 anos, assume apelidos retirados da própria onda anime. Dalva Reggiardo, por exemplo, é pouco conhecida pelo seu verdadeiro nome. O correto é chamá-la de Tswki. Aos 19 anos, a jovem encontra no evento a aceitação que não em tem outros locais. “Aqui é o nosso mundo”, explica. Vestida como a personagem Decora Kigurumi, ela frequenta o Anime Shinta há dois anos. Já Rywka – Tayná Mendonça – estava participando do encontro pela primeira vez. Seguidora da tendência há cinco anos, Tayná, que tem 15 anos, já quase foi expulsa de casa devido seus gostos peculiares. “Minha mãe não aceita meu estilo”, diz a moça, que foi ao encontro no Sylvio Monteiro com o Visual Key. “Ficamos entre a nossa comunidade. Temos liberdade de expressão!”
Interatividade
Mande fotos em que você esteja vestido como um personagem de anime, para que possamos ilustrar esta matéria.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Cinéfilos roxos
Cinerock leva cinema e rock para Belford Roxo
por Josy Antunes
O mês de março ficou marcado pela estreia do Cinerock, um projeto que tem como objetivo reverter o quadro de precariedade cultural das cidades da Baixada com cinema e rock independente. Foi no dia 21, na Pian, mais especificamente no Centro Cultural Donana, o principal espaço de Belford Roxo até meados da década 90. “Foi um grande desafio reativar um antigo centro cultural, parado há mais de dez anos”, lembra Diego Jovanholi, um dos organizadores do evento.
Além de facilitar o acesso à cultura, o Cinerock pretende abrir espaço para quem produz arte na Baixada, principalmente filmes e músicas. Amadurecido em longos debates realizados entre amigos de Belford Roxo, o projeto teve vários formatos até chegar à proposta final. Um desses formatos foi o de um festival para bandas alternativas, de que o grupo desistiu ao perceber que apenas os artistas midiáticos têm vez em shows autorais. Diego Jovanholi tocava numa dessas bandas, a Lacônico.
Para fugir a essa regra, Diego Jovanholi e os companheiros da Lacônico organizaram o Rock no Pastel como um primeiro passo rumo a um evento mais pretensioso. “Pegamos nosso som, botamos debaixo do braço e fizemos um show em frente à pastelaria de um amigo, no meio do Xavante”, conta o músico. A falta de divulgação foi compensada pela cena inusitada, que terminou atraindo um público considerável para o show. “O pessoal da rua parava pra ver com a maior curiosidade”, recorda Jovanholi, atualmente guitarrista da banda Alícia, uma das que levaram seu som ao Cinerock.
O sucesso do Rock no Pastel estimulou Diego a criar o blog “Loud Channel” onde ele e mais dois amigos escreviam sobre filmes, trilhas sonoras e música. “Nossa maior loucura foi ir até São Paulo na Virada Cultural, para cobrir o evento.” A inquietação de criar algo que mostrasse as bandas locais continuava, embora não soubessem como. Foi em dezembro de 2008 - após conhecer os organizadores de cineclubes como o Buraco do Getulio e Mate com Angu – que surgiu a ideia do Cinerock. “Queríamos fazer um evento que rodasse a Baixada toda, mostrando o que estava sendo produzido pelos novos artistas. Foi quase que um manifesto!”, justifica o guitarrista.
Mais carente
A escolha de Belford Roxo para abrigar a estreia se deve ao fato de que essa é a cidade da Baixada mais carente do ponto de vista cultural. Para organizar o espaço do Donana, os oito organizadores do Cinerock trabalharam em tempo integral ao longo de uma semana. “Se não fosse essa equipe maravilhosa, não teríamos conseguido. Foi muito cansativo, mas valeu a pena cada gota de suor”, declara Diego. O Centro Cultural foi decorado com obras de Dida Nascimento, além de vários detalhes que davam ao ambiente cores, beleza e uma sensação de extremo conforto.
Além da exibição de curtas realizados na Baixada e das apresentações de bandas locais, o Cinerock promove debates com o público. “Todo mundo tem que ter voz ativa”, explica. O debate que abriu o que promete ser uma série de muitos foi mediado pelo artista plástico e músico Dida Nascimento, que contou sua história pessoal e a do Centro Cultural Donana antes de perguntar a razão de não haver movimentos culturais tão sólidos como os que existiam até a última década do século passado. O bate-papo esteve aberto a intervenções e teve a participação de Vicente Freire num segundo momento. “O poder público de Belford Roxo precisa acordar para a importância de eventos como esse”, afirmou Vicente Freire.
A próxima edição do Cinerock ainda não tem data e local definidos. Porém, os já seguidores do encontro, podem manter suas expectativas, não só quanto a ele, mas também em relação a outras idéias de Diego e seus amigos. “Estamos querendo desenvolver uma oficina de desenho livre, para crianças, adultos e idosos. Só vamos correr atrás de patrocínio, para o material ser gratuito”, conta ele, que junto com mais duas pessoas, está desenvolvendo o Portal Pública Alternativa. No site - publicaalternativa.com.br - será possível encontrar um coletânea do que vem sendo produzido, além da agenda do grupo e seus eventos. “Também estamos querendo produzir curtas com os materiais que temos, como câmeras digitais e de celulares”, explica Jovanholi. “Com vontade se faz tudo”.
por Josy Antunes
O mês de março ficou marcado pela estreia do Cinerock, um projeto que tem como objetivo reverter o quadro de precariedade cultural das cidades da Baixada com cinema e rock independente. Foi no dia 21, na Pian, mais especificamente no Centro Cultural Donana, o principal espaço de Belford Roxo até meados da década 90. “Foi um grande desafio reativar um antigo centro cultural, parado há mais de dez anos”, lembra Diego Jovanholi, um dos organizadores do evento.
Além de facilitar o acesso à cultura, o Cinerock pretende abrir espaço para quem produz arte na Baixada, principalmente filmes e músicas. Amadurecido em longos debates realizados entre amigos de Belford Roxo, o projeto teve vários formatos até chegar à proposta final. Um desses formatos foi o de um festival para bandas alternativas, de que o grupo desistiu ao perceber que apenas os artistas midiáticos têm vez em shows autorais. Diego Jovanholi tocava numa dessas bandas, a Lacônico.
Para fugir a essa regra, Diego Jovanholi e os companheiros da Lacônico organizaram o Rock no Pastel como um primeiro passo rumo a um evento mais pretensioso. “Pegamos nosso som, botamos debaixo do braço e fizemos um show em frente à pastelaria de um amigo, no meio do Xavante”, conta o músico. A falta de divulgação foi compensada pela cena inusitada, que terminou atraindo um público considerável para o show. “O pessoal da rua parava pra ver com a maior curiosidade”, recorda Jovanholi, atualmente guitarrista da banda Alícia, uma das que levaram seu som ao Cinerock.
O sucesso do Rock no Pastel estimulou Diego a criar o blog “Loud Channel” onde ele e mais dois amigos escreviam sobre filmes, trilhas sonoras e música. “Nossa maior loucura foi ir até São Paulo na Virada Cultural, para cobrir o evento.” A inquietação de criar algo que mostrasse as bandas locais continuava, embora não soubessem como. Foi em dezembro de 2008 - após conhecer os organizadores de cineclubes como o Buraco do Getulio e Mate com Angu – que surgiu a ideia do Cinerock. “Queríamos fazer um evento que rodasse a Baixada toda, mostrando o que estava sendo produzido pelos novos artistas. Foi quase que um manifesto!”, justifica o guitarrista.
Mais carente
A escolha de Belford Roxo para abrigar a estreia se deve ao fato de que essa é a cidade da Baixada mais carente do ponto de vista cultural. Para organizar o espaço do Donana, os oito organizadores do Cinerock trabalharam em tempo integral ao longo de uma semana. “Se não fosse essa equipe maravilhosa, não teríamos conseguido. Foi muito cansativo, mas valeu a pena cada gota de suor”, declara Diego. O Centro Cultural foi decorado com obras de Dida Nascimento, além de vários detalhes que davam ao ambiente cores, beleza e uma sensação de extremo conforto.
Além da exibição de curtas realizados na Baixada e das apresentações de bandas locais, o Cinerock promove debates com o público. “Todo mundo tem que ter voz ativa”, explica. O debate que abriu o que promete ser uma série de muitos foi mediado pelo artista plástico e músico Dida Nascimento, que contou sua história pessoal e a do Centro Cultural Donana antes de perguntar a razão de não haver movimentos culturais tão sólidos como os que existiam até a última década do século passado. O bate-papo esteve aberto a intervenções e teve a participação de Vicente Freire num segundo momento. “O poder público de Belford Roxo precisa acordar para a importância de eventos como esse”, afirmou Vicente Freire.
A próxima edição do Cinerock ainda não tem data e local definidos. Porém, os já seguidores do encontro, podem manter suas expectativas, não só quanto a ele, mas também em relação a outras idéias de Diego e seus amigos. “Estamos querendo desenvolver uma oficina de desenho livre, para crianças, adultos e idosos. Só vamos correr atrás de patrocínio, para o material ser gratuito”, conta ele, que junto com mais duas pessoas, está desenvolvendo o Portal Pública Alternativa. No site - publicaalternativa.com.br - será possível encontrar um coletânea do que vem sendo produzido, além da agenda do grupo e seus eventos. “Também estamos querendo produzir curtas com os materiais que temos, como câmeras digitais e de celulares”, explica Jovanholi. “Com vontade se faz tudo”.
Longa jornada rumo ao sucesso
Estudantes chegam a ter dois empregos para se manter na faculdade
por Jeisiane Caetano Paulo
A falta de dinheiro para estudar é uma das principais barreiras para os jovens que sonham com uma carreira profissional de sucesso. Jacqueline Serrat,Thiago Pedrosa e Chistine Silveira não desanimaram e resolveram ir à luta em busca do sucesso.
Solteira e sem filhos para criar, Jacqueline Serrat tem 21 anos, mora em Anchieta e encontrou nas aulas para uma turma de C.A. uma forma de financiar a faculdade de biologia, na qual está no quarto período. “Foi bom trabalhar com crianças”, lembra ela, apesar da dificuldade que tem sido atender a todas as demandas da escola. “Mas tive que ter muita paciência para não pirar com tanta responsabilidade.” Como se não bastassem os pestinhas para os quais dá aula, Jacqueline Serrat faz relatórios científicos e trabalhos para alunos preguiçosos. “Uso o dinheiro nas despesas da faculdade”, conta a estudante.
O caso de Thiago Pedrosa mostra que a história de Jacqueline Serrata está longe de ser uma exceção. Com 22 anos, solteiro e sem filhos, ele trabalha em uma loja de autopeças e faz um estágio para fazer o dinheiro de que precisa para se manter na faculdade de Educação Física, na qual está no quinto período. “É claro que fico cansado trabalhando com vendas e fico muito estressado como aprendiz”, conta esse morador de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Ainda estou na parte teórica que requer muito esforço mental.”
As longas jornadas de Christine Silveira, que começam nas primeiras horas da manhã e se estendem até tarde da noite, já fizeram com que essa jovem moradora da Taquara pensasse em desistir do curso de Ciências Biológicas, no qual ela está no terceiro período. É com os trocados que faz como auxiliar técnico de eletricidade que ela paga o curso que há de lhe dar um futuro melhor. “Dou o melhor de mim em tudo que faço”, afirma Christine Silveira, que tem 18 anos e ainda está solteira. “Vejo o meu sonho como algo que pode ser alcançado, e não como uma meta impossível de ser atingida.”
Para esses jovens a escada pode ser alta, “mas,subindo um degrau de cada vez, é possível chegar ao topo”, como afirma Jacqueline Serrat.
por Jeisiane Caetano Paulo
A falta de dinheiro para estudar é uma das principais barreiras para os jovens que sonham com uma carreira profissional de sucesso. Jacqueline Serrat,Thiago Pedrosa e Chistine Silveira não desanimaram e resolveram ir à luta em busca do sucesso.
Solteira e sem filhos para criar, Jacqueline Serrat tem 21 anos, mora em Anchieta e encontrou nas aulas para uma turma de C.A. uma forma de financiar a faculdade de biologia, na qual está no quarto período. “Foi bom trabalhar com crianças”, lembra ela, apesar da dificuldade que tem sido atender a todas as demandas da escola. “Mas tive que ter muita paciência para não pirar com tanta responsabilidade.” Como se não bastassem os pestinhas para os quais dá aula, Jacqueline Serrat faz relatórios científicos e trabalhos para alunos preguiçosos. “Uso o dinheiro nas despesas da faculdade”, conta a estudante.
O caso de Thiago Pedrosa mostra que a história de Jacqueline Serrata está longe de ser uma exceção. Com 22 anos, solteiro e sem filhos, ele trabalha em uma loja de autopeças e faz um estágio para fazer o dinheiro de que precisa para se manter na faculdade de Educação Física, na qual está no quinto período. “É claro que fico cansado trabalhando com vendas e fico muito estressado como aprendiz”, conta esse morador de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Ainda estou na parte teórica que requer muito esforço mental.”
As longas jornadas de Christine Silveira, que começam nas primeiras horas da manhã e se estendem até tarde da noite, já fizeram com que essa jovem moradora da Taquara pensasse em desistir do curso de Ciências Biológicas, no qual ela está no terceiro período. É com os trocados que faz como auxiliar técnico de eletricidade que ela paga o curso que há de lhe dar um futuro melhor. “Dou o melhor de mim em tudo que faço”, afirma Christine Silveira, que tem 18 anos e ainda está solteira. “Vejo o meu sonho como algo que pode ser alcançado, e não como uma meta impossível de ser atingida.”
Para esses jovens a escada pode ser alta, “mas,subindo um degrau de cada vez, é possível chegar ao topo”, como afirma Jacqueline Serrat.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Subjetividade on-line
Projeto Conectividade interligará Nova Iguaçu ainda este ano
por Josy Antunes
Parece mágica, mas é pura tecnologia. O projeto Conectividade, uma parceria da Prefeitura de Nova Iguaçu com a PUC, conseguirá a proeza de colocar a cidade em rede por intermédio de computadores quase sucateados. Todos os órgãos públicos serão interligados por um sistema chamado Plural. A expectativa dos organizadores é que ele seja inaugurado ainda no primeiro semestre de 2009.
Apoiado pela FUSJ (Fundação de Apoio à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), o programa alcançará até os locais em que o acesso à internet é precário. “Onde for possível o acesso chegar, do Kilômetro 32 a Tinguá”, garante o Écio Salles, secretário adjunto de Cultura e pesquisador da UFRJ.
O pesquisador acredita que esse seja o primeiro passo para uma conexão irrestrita, como acontece no Piraí Digital, onde uma cidade inteira encontra-se conectada. “Dando certo o planejamento que a gente tem nesse momento, a ampliação do acesso vai ser enorme. E já vai ter uma transformação radical do acesso ao mundo digital em Nova Iguaçu.”
Essas mudanças também afetarão os telecentros, a começar pela quantidade. A rede será ampliada e eles funcionarão em escolas e espaços que existem especialmente para o trabalho, além de outros que ainda serão construídos. Dos 35 existentes, apenas quatro eram ligados à internet. Todas essas expansões se devem à possibilidade de reaproveitamento dos computadores então usados nos telecentros, o que reduzirá o custo com manutenções. “Isso vai aumentar a durabilidade do projeto”, justifica.
Inclusão subjetiva
Ainda dentro desse projeto, a Secretaria de Cultura pretende fazer de cerca de dez telecentros locais onde a discussão do uso desses espaços seja mais visada. Eles serão os chamados Centros de Cultura Digital, onde serão ministrados cursos de web art, web design e poesia eletrônica. “A ideia é buscar a cultura digital, com a linguagem desses veículos”, explica Écio Salles. Esses cursos serão dados por artistas ligadas ao universo digital, que farão uso de computadores mais sofisticados.
Os principais beneficiados com as novidades serão os jovens, que terão a oportunidade de receber uma formação profissional. “Nossa ideia é que os jovens formados, assim como outros projetos da prefeitura, tenham capacidade e possibilidade de inserção no mercado de trabalho ao final do processo”, assegura Écio Salles, secretário adjunto de Cultura e pesquisador da UFRJ.
O grande objetivo das novas propostas é a inclusão subjetiva – termo usado por Marcus Vinícius Faustini, Secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu – dos cidadãos iguaçuanos. “É uma forma de você estar na vida e não apenas você procurar um emprego, que é importante e necessário, mas a gente acha que pode qualificar mais”, justifica Écio Salles. A expectativa da Secretaria de Cultura é qualificar profissionais diferenciados dentro de um conhecimento pessoal, profissional e territorial.
por Josy Antunes
Parece mágica, mas é pura tecnologia. O projeto Conectividade, uma parceria da Prefeitura de Nova Iguaçu com a PUC, conseguirá a proeza de colocar a cidade em rede por intermédio de computadores quase sucateados. Todos os órgãos públicos serão interligados por um sistema chamado Plural. A expectativa dos organizadores é que ele seja inaugurado ainda no primeiro semestre de 2009.
Apoiado pela FUSJ (Fundação de Apoio à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), o programa alcançará até os locais em que o acesso à internet é precário. “Onde for possível o acesso chegar, do Kilômetro 32 a Tinguá”, garante o Écio Salles, secretário adjunto de Cultura e pesquisador da UFRJ.
O pesquisador acredita que esse seja o primeiro passo para uma conexão irrestrita, como acontece no Piraí Digital, onde uma cidade inteira encontra-se conectada. “Dando certo o planejamento que a gente tem nesse momento, a ampliação do acesso vai ser enorme. E já vai ter uma transformação radical do acesso ao mundo digital em Nova Iguaçu.”
Essas mudanças também afetarão os telecentros, a começar pela quantidade. A rede será ampliada e eles funcionarão em escolas e espaços que existem especialmente para o trabalho, além de outros que ainda serão construídos. Dos 35 existentes, apenas quatro eram ligados à internet. Todas essas expansões se devem à possibilidade de reaproveitamento dos computadores então usados nos telecentros, o que reduzirá o custo com manutenções. “Isso vai aumentar a durabilidade do projeto”, justifica.
Inclusão subjetiva
Ainda dentro desse projeto, a Secretaria de Cultura pretende fazer de cerca de dez telecentros locais onde a discussão do uso desses espaços seja mais visada. Eles serão os chamados Centros de Cultura Digital, onde serão ministrados cursos de web art, web design e poesia eletrônica. “A ideia é buscar a cultura digital, com a linguagem desses veículos”, explica Écio Salles. Esses cursos serão dados por artistas ligadas ao universo digital, que farão uso de computadores mais sofisticados.
Os principais beneficiados com as novidades serão os jovens, que terão a oportunidade de receber uma formação profissional. “Nossa ideia é que os jovens formados, assim como outros projetos da prefeitura, tenham capacidade e possibilidade de inserção no mercado de trabalho ao final do processo”, assegura Écio Salles, secretário adjunto de Cultura e pesquisador da UFRJ.
O grande objetivo das novas propostas é a inclusão subjetiva – termo usado por Marcus Vinícius Faustini, Secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu – dos cidadãos iguaçuanos. “É uma forma de você estar na vida e não apenas você procurar um emprego, que é importante e necessário, mas a gente acha que pode qualificar mais”, justifica Écio Salles. A expectativa da Secretaria de Cultura é qualificar profissionais diferenciados dentro de um conhecimento pessoal, profissional e territorial.
A praça é nossa
Jovens comemoram aniversário em praças públicas
por Letícia da Rocha
As praças sempre foram vistas como simples locais de encontros entre amigos, áreas de lazer ou mesmo de pegação. Os jovens, que estão sempre à procura de uma nova função para as coisas, descobriram que elas podem ser ótimos salões para festas surpresas. A idéia surgiu há cerca de dois anos.
O improviso foi motivado pela dureza que caracteriza os jovens da periferia. “Partimos para um lugar público porque não tínhamos dinheiro para alugar um salão e muito menos um clube”, lembra a professora desempregada Ruth Santana, de 18 anos. A praça Santos Dumont tornou-se um consenso quando a turma descobriu que se tratava de um lugar acessível a todo o grupo. “Queríamos também um ponto de encontro onde todos pudessem ir, até porque alguns trabalhavam.”
O problema inicial era desfazer o estigma de um local como a Praça Santos Dumont, outrora marcado por assaltos, prostituição e tráfico de drogas. Mas os jovens não tiveram dificuldade para se tornar o “centro das atenções”, como lembra a estudante Grazielle Bittencourt, de 18 anos. “As pessoas riam da nossa cara”, conta a estudante. “Deviam pensar que somos malucos, mas adoraram a nossa performance.”
Surpresa
Uma das características dessas festas é que na maioria das vezes são feitas de surpresa para um amigo bem próximo. “Na primeira, reunimos cerca de 15 amigos, dentre eles a aniversariante”, conta a mesma Grazielle. A aniversariante chegou lá achando que estava indo para um encontro sem compromisso, apenas para matar o tempo. “Foi hilário porque ela não desconfiou de nada até ver o bolo.” Surpresa, a homenageada deu pulos de alegria, sem saber se ria ou se chorava.
Talvez por estarem longe dos pais, os jovens ficam totalmente descontraídos nas festas nas praças. As professoras Karen Fabiane Oliveira, de 18 anos, e Ruth Ramos Santana, de 18 anos, chegaram a levar um grupo de rapazes que acabara de conhecer para garantir o quorum de uma das festas de que participaram. A estudante Jéssica Gomes, de 18 anos, lembra de uma festa em que todas as meninas foram colocadas de cabeça para baixo, sem se importar que estavam vestidas com o uniforme de normalista. “É sempre bom porque fazer isso, além de divertido, é um dos poucos momentos em que todos se encontram em clima de total harmonia”, conta Jéssica Gomes.
Essas festas, além de surpresas, costumam ser rápidas. “Para não perder os compromissos, a gente faz as festas conforme a folga dos que trabalham e o intervalo do pessoal que está na escola”, conta Karen Fabiane Oliveira. As festas podem ser curtas, mas são divertidas. E para aproveitá-las melhor, os jovens passaram a procurar praças mais próximas do homenageado “Um dia desses fizemos uma na praça em frente ao Colégio Mestre Hiram, que, por ser perto da Via Light, é um lugar ideal para festejar”, conta Jéssica.
por Letícia da Rocha
As praças sempre foram vistas como simples locais de encontros entre amigos, áreas de lazer ou mesmo de pegação. Os jovens, que estão sempre à procura de uma nova função para as coisas, descobriram que elas podem ser ótimos salões para festas surpresas. A idéia surgiu há cerca de dois anos.
O improviso foi motivado pela dureza que caracteriza os jovens da periferia. “Partimos para um lugar público porque não tínhamos dinheiro para alugar um salão e muito menos um clube”, lembra a professora desempregada Ruth Santana, de 18 anos. A praça Santos Dumont tornou-se um consenso quando a turma descobriu que se tratava de um lugar acessível a todo o grupo. “Queríamos também um ponto de encontro onde todos pudessem ir, até porque alguns trabalhavam.”
O problema inicial era desfazer o estigma de um local como a Praça Santos Dumont, outrora marcado por assaltos, prostituição e tráfico de drogas. Mas os jovens não tiveram dificuldade para se tornar o “centro das atenções”, como lembra a estudante Grazielle Bittencourt, de 18 anos. “As pessoas riam da nossa cara”, conta a estudante. “Deviam pensar que somos malucos, mas adoraram a nossa performance.”
Surpresa
Uma das características dessas festas é que na maioria das vezes são feitas de surpresa para um amigo bem próximo. “Na primeira, reunimos cerca de 15 amigos, dentre eles a aniversariante”, conta a mesma Grazielle. A aniversariante chegou lá achando que estava indo para um encontro sem compromisso, apenas para matar o tempo. “Foi hilário porque ela não desconfiou de nada até ver o bolo.” Surpresa, a homenageada deu pulos de alegria, sem saber se ria ou se chorava.
Talvez por estarem longe dos pais, os jovens ficam totalmente descontraídos nas festas nas praças. As professoras Karen Fabiane Oliveira, de 18 anos, e Ruth Ramos Santana, de 18 anos, chegaram a levar um grupo de rapazes que acabara de conhecer para garantir o quorum de uma das festas de que participaram. A estudante Jéssica Gomes, de 18 anos, lembra de uma festa em que todas as meninas foram colocadas de cabeça para baixo, sem se importar que estavam vestidas com o uniforme de normalista. “É sempre bom porque fazer isso, além de divertido, é um dos poucos momentos em que todos se encontram em clima de total harmonia”, conta Jéssica Gomes.
Essas festas, além de surpresas, costumam ser rápidas. “Para não perder os compromissos, a gente faz as festas conforme a folga dos que trabalham e o intervalo do pessoal que está na escola”, conta Karen Fabiane Oliveira. As festas podem ser curtas, mas são divertidas. E para aproveitá-las melhor, os jovens passaram a procurar praças mais próximas do homenageado “Um dia desses fizemos uma na praça em frente ao Colégio Mestre Hiram, que, por ser perto da Via Light, é um lugar ideal para festejar”, conta Jéssica.
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