segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Agora é pra valer

Reunião com secretário de Cultura define os rumos da Escola Agência de Comunicação
Por Alcyr Cavalcanti

O dia da decisão começou cedo. Agora é pra valer. Nove horas da manhã do domingo dia 26 de outubro, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Muitos jovens aguardavam com ansiedade as instruções e estratégias de mais uma etapa - a continuação da história das ruas de Nova Iguaçu.

A cultura não pode parar, e o “homem do movimento” (no bom sentido) estava no lugar certo. Marcus Vinicius Faustini deu a partida ao jogo da vida de mais de uma centena de jovens de olhos bem abertos e ouvidos bem atentos. Nenhuma palavra foi perdida. Atentamente, eles seguiam as idéias do secretário de Cultura, que brotavam sem cessar. Afinal se tudo se move, Faustini eletricidade pura, se move sem parar.

Idéias vão se transformar em ação
“As idéias vão se transformar em ação. Vamos fazer pesquisas para aplicá-las, nossa meta é que tudo esteja concretizado em abril de 2009, para isso começaremos já”, afirma Faustini. Alguns retardatários vão chegando, Faustini cumprimenta a cada um, num sentido de advertência. Com ele horários devem ser cumpridos à risca.

São 113 jovens, esperando onde se colocar para colaborar na nova e árdua fase de um projeto único, em terra brasilis. Serão três grupos inter-relacionados em uma teia de forte densidade: um grupo de criação, um grupo de pesquisas e um grupo de mídia. O de criação será coordenado pelo próprio secretário. O de pesquisas pela antropóloga Marcella Camargo. O terceiro grupo, coordenado pelo jornalista e escritor Julio Ludemir, irá veicular o noticiário de Nova Iguaçu sob um novo olhar, a partir de páginas virtuais.

A análise qualitativa, método usado em ciências sociais, vai ser aplicado pelo grupo coordenado por Marcela e seus 37 jovens, visando a construção de políticas públicas definidas. A experiência está em fase inicial, já tendo sido feito na Escola Britânica.

Para Faustini, os jovens vão participar ativamente do processo de criação, e fala de sua trajetória de menino humilde morador da Baixada Fluminense até se tornar secretário de governo. “O que mais fiz foi vender o meu discurso, as minhas idéias, por isso estou aqui compartilhando. Vocês jovens é que têm que criar a partir de sua realidade, através de estratégias de sobrevivência.”

Faustini tem a seu lado dois irmãos - Cláudio de 16 anos e Vitor de 18 anos. Os dois vão servir como modelo, e sugere para dinamizar o grupo, a simulação de um salão de cabeleireiro.Um jovem e uma jovem se dispõem a colaborar. Para animar, a dupla Claudio e Vitor improvisam um rap contando sua história. Nike é chamado para improvisar versos tendo como tema a Praça 13 de Maio, esquecida através dos tempos. O auditório vai ao delírio, todos aplaudem. Faustini enfatiza o poder da comédia, uma arte nobre, citando Henri Bérgson e uma de suas obras: "O Riso, um Ensaio sobre a Significação da Comicidade”.

As formas de comunicação deverão ser criativas, feitas de diversas maneiras, em postes, bancas de jornal, alto-falantes, para divulgar da melhor forma tudo que foi e que será feito de agora em diante. “Teremos de ter formas criativas para noticiar nossa cidade, em nosso blog, em nosso jornal. Será uma notícia única” diz Faustini.

Notícia única

Julio Ludemir, responsável pelo noticiário, enaltece o trabalho da secretaria, ressaltando a história de vida não só do secretario, mas também de vários membros da equipe. “Faustini não nasceu secretário de Cultura. Passou por muitas dificuldades até chegar aonde chegou. Vocês devem se mirar em seu exemplo. É possível chegar lá. A nossa estratégia analisa dificuldades e superações, abrindo novas frentes de trabalho, participando de um programa único que vai colocar Nova Iguaçu em definitivo, em um lugar na história. Vocês devem acreditar no projeto, ter desejo, trabalhar com tesão. Somos sujeitos, e não objetos de manobra, em verdade intelectuais orgânicos à maneira de Gramsci”, diz Ludemir.

Marcella é antropóloga e veio da USP, já tendo feito um trabalho no Morro do Chapéu Mangueira, no Leme, zona sul do Rio. “Vamos dar aos jovens ferramentas para eles pensarem a realidade, e começarmos a indicar soluções para os problemas locais. As pesquisas serão feitas por nós, pelo nosso grupo. Os jovens vão aprender a ouvir e analisar as diferenças”, enfatizou Marcela.

Faustini pede a união de todos para 2009, para que a construção fique muito sólida, passo a passo, tijolo por tijolo, e finaliza: “A única coisa que não pode ser roubada são nossas idéias, aquilo que está dentro de nossa cabeça. Nosso patrimônio são nossas idéias. Agora é pra valer”.

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