por Flávia Ferreira e Letícia da Rocha
A pipoca engana a fome das pessoas apressadas e com pouco dinheiro no bolso. Na Avenida Martins, uma das transversais do Calçadão de Nova Iguaçu, a barraquinha "Casa da Pipoca" tira amplo proveito dessa conjunção de fatores desde 1966. Trata-se de um investimento tipicamente familiar, no qual o pai trabalhou com os filhos até morrer. Foi com o dinheiro da barraca que o pai comprou o táxi igualmente administrado por Alcino Junior, 40 anos.

A nilopolitana Shirleide Souza, 53 anos, chega a desviar o caminho para saborear as guloseimas preparadas pelos herdeiros de Seu Alcino. "Compro aqui há dez anos", conta ela, que sempre vem a Nova Iguaçu para comprar os produtos do enxoval que vende.
Apesar das seguidas crises econômicas, o movimento da barraquinha tem aumentado consideravelmente nos últimos 15 anos. Esse aumento no número de clientes acompanhou a mudança na própria estrutura do pequeno comércio. "A barraquinha aumentou de tamanho, mudou seu estilo, a gente começou até a usar uniforme", conta o administrador.
Condição do tempo
A Casa da Pipoca abre inclusive em dias de domingo, quando o Centro de Nova Iguaçu fica quase um deserto. "A gente abre aos domingos porque muitas pessoas passam aqui para comprar suas pipocas antes de ir ao cinema", diz ele. As vendas no fim de semana caíram após o fechamento do Cine Verde, na Praça da Liberdade, mas, mesmo assim, Alcino não abriu mão deste dia. “O que diminui a venda de pipocas não é o dia, mas a condição do tempo”, acrescenta, com um sorriso vitorioso.
As vendas tendem a crescer no inverno. "No tempo frio lota o dia todo", conta Alcino. "Já no verão, é mais à noite." O tamanho da fila também depende das aulas. "Nas férias, o movimento diminui porque os estudantes não vêm comprar." Os comerciários e os camelôs que transformam o Calçadão num formigueiro são fregueses fieis, mas a maior parte da clientela é composta de estudantes.
A fama da pipoca atravessa fronteiras. se espalha por toda cidade. "Uma vez eu estava em Barra de São João, e uma mulher veio me perguntar se eu era o homem da pipoca", conta o pipoqueiro. Alcino também é reconhecido pelos passageiros do táxi que herdou do pai. "Eles dizem que são meus clientes na Casa da Pipoca e pedem desconto."
Os funcionários da Casa da Pipoca parecem ser tão fieis quanto a sua clientela. Esse é o caso de Ricardo Souza, que trabalha ali há 33 anos. "Meu pai trabalhava para o de Alcino e eu vinha aqui trazer a comida dele", lembra o empregado. O irmão de Ricardo também trabalhou na Casa da Pipoca, mas pediu as contas recentemente.
Também estou nesse grupo de clientes dessa piopca MARA, rs. Mavilhosa a matéria, parabéns às autoras e ao editor também claro, rs !!
ResponderExcluirOlá, eu sou o irmão do Ricardo. Trabalhei na Casa da Pipoca entre 1990 e 2007, de onde guardo boas recordações. Entre as quais, a de que a pipoca já foi comentada até nos EUA. Outra: uma cliente, quando ia viajar pra Portugal, levava a pipoca pra comer dentro do avião.
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