por Josy Antunes
Saias e vestidos longos, na maioria das vezes cobrindo todo o corpo. Cabelos presos em simples coques, orelhas intactas, sem um único brinco. Nada de maquiagens, unhas pintadas, nem mesmo cores chamativas nas sandálias. Com certeza, todos já viram pessoas com essas características andando pelas ruas, algumas vezes até crianças e adolescentes. É essa imagem que nos vem à cabeça quando falamos em jovens evangélicas.
Uma das origens dessas normas está em trechos da própria Bíblia, como I Pedro 3, versículos 3 e 4: “A beleza de vocês (mulheres) não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas. Ao contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para Deus.” Para algumas denominações, essas passagens são vistas como proibição a práticas de valorização à beleza.
Festival de cores e modelos
"Apesar de ser da igreja, sou uma pessoa normal, como qualquer outra.” As palavras são de Isis de Souza, que freqüenta a Congregação Cristã no Brasil, em Vila de Cava, uma igreja que mantém normas rígidas quanto ao assunto. Para ela, a beleza interior deve não apenas ser mais valorizada, como se refletir na sua forma de se vestir e de se comportar. Quanto a maquiagens e acessórios, a igreja não proíbe especificamente, mas é pouco comum o uso dentro da igreja. "Depois de um tempo de freqüência, a pessoa acaba se sentindo mal por ser a única diferente, usando calça comprida e outros adereços", explica a jovem evangélica. Para conciliar seu lado feminino com as imposições da igreja, ela recorre a boleros e a vestidos longos floridos. “Tem também os sapatos e sandálias, as meninas fazem um festival de cores e modelos”, acrescenta.
Joycelene, de 24 anos, já havia visitado diversas igrejas mais liberais, mas optou por frequentar a Assembléia de Deus, que também mantém normas rígidas. A partir de então, deixou de lado os decotes, esmaltes de cores fortes, batons e roupas chamativas, de que sempre fazia uso.“Eu acho que as pessoas têm que fazer aquilo com que se sentem bem, mas de acordo com a palavra de Deus. Mesmo que eu use blusa de alça ou saias mais curtas do que o permitido, o importante é ter uma postura condizente com aquilo que eu acredito. Deus é que vai julgar. Tem pessoas que usam saião, o corpo todo tampado e infelizmente não fazem aquilo que Deus quer. Independentemente da roupa que se usa, o que é preciso é ter postura.”
É possível se cuidar
Frequentadora da Igreja Universal, no bairro Santo Elias, Mesquita, Rosana Araújo, de 22 anos, explicou que a igreja de que faz parte tem um pensamento mais liberal, permitindo o uso de maquiagem, acessórios e grande parte das coisas usadas para o embelezamento.“A única diferença que eu vejo é que elas (adolescentes que não frequentam igrejas) vão a baile funk e esses lugares assim e eu não vou, mas eu também vou a festas. Em geral é tudo normal, só muda o comportamento.” Para ela, a roupa, o uso de maquiagem ou o corte do cabelo não diferenciam o que a pessoa tem no coração. "É possível se cuidar, seguir as tendências da moda e se sentir bonita, mesmo dentro das normas da igreja", afirma a jovem. "Quando está calor, por exemplo, eu uso short em casa, na rua... É claro que não vou de shortinho à igreja, mas por opção mesmo. Já que estou indo buscar a Deus, tenho que estar diferente.”
Nathalia de Almeida tem 18 anos e a Igreja Batista que frequenta, em Heliópolis, Belford Roxo, não impõe a forma de se vestir. "Eu gosto muito de me maquiar, adoro rosa. Falam que eu sou patricinha, mas eu não sou patricinha, esse é o meu modo de me vestir. Eu não sou vaidosa, mas eu gosto muito de estar sempre indo ao salão, fazer minha unha, meu cabelo...” Para Nathalia, é totalmente possível ter bom gosto, estilo e acompanhar a moda dentro da igreja.“Eu sempre procuro estar bem arrumada, meus vestidos são da moda, uso legging, uso Melissa, uso vestidos longuete. Eu não posso falar que seguir a moda é o certo, mas é aquilo, quando você tem Deus no coração, você se veste pra você e pra Deus, não é pra agradar ninguém."
Larissa Ribeiro, também moradora de Heliópolis e frequentadora de uma Igreja Batista, tem opiniões semelhantes às de Nathalia: “A minha igreja é bem aberta pra esses tipos de coisas, permite o uso de calça jeans, maquiagem e tudo mais. Mas é preciso ter bom senso e não chegar lá na frente pra cantar, por exemplo, com uma calça justa demais ou um vestido sensual." Para Larissa, tudo deve ser feito com ordem e decência. "Eu participo de uma igreja porque estou de acordo com as normas dela. Da mesma forma que as pessoas de doutrinas mais conservadoras concordam com as normas que têm que seguir. Cada um escolhe aquilo que acha que é melhor pra si”.
Sou frequentador desse Blog e posso dizer com toda certeza que essa é uma das melhores matérias que já li, gostei da forma como um assunto complexo como esse foi abordado e passado aos leitores.
ResponderExcluirMe identifiquei muito com a matéria. Tenho muitas amigas evangélicas que se mantém na moda sem se desprender dos princípios e bíblicos.Retratar essa realidade, diminui o preconceito que existe com membros de algumas igrejas.
ResponderExcluirGostei da materia
ResponderExcluirvoces estao de parabéns
A blz interior deve ser preservada não só na evangélica, mas em qualquer religião. Quanto a aparência fisíca, o ideal pra quem segue a doutrina é não ser vulgar. Fora isso vale se embelezar de todas as formas.
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