por Wanderson Silva, Jeisiane Caetano Paulo, Wesley Caetano Paulo, Patrícia da Rocha Toledo
A vida do estudante Carlos Henrique Ramalho, de 19 anos, gira em torno de Cabuçu, bairro no qual nasceu e se criou. Mora no loteamento Doze de Outubro, que fica a mais ou menos 20 minutos a pé da Casa de Ração Arruda, onde trabalha como entregador. “O bom é que nunca chego atrasado”, conta ele.
Jamais ter sido chamado a atenção por causa de uma atraso na condução para o trabalho não é a única vantagem contabilizada pelo estudante. “Conheço tudo aqui”, acrescenta. A intimidade com o bairro facilita seu trabalho como entregador. Outro conforto proporcionado por essa proximidade é poder desfrutar do almoço cozinhado pela mãe.
A história de Carlos Henrique é dele e tão-somente dele. Mas ela faz parte de um contexto maior, que revela uma das maiores deficiências de todos os governos: arrumar uma posição no mercado de trabalho formal para os jovens. O estudante ama o bairro onde vivem seus parentes, fez sua rede de amigos e descobriu a namorada, com a qual se diverte em points como o Rubinho e o Pocinho. “Mas trabalho aqui por falta de opção.”
Experiência comprovada
Na Chatuba, uma das favelas mais pobres de Mesquita, não é muito diferente a situação da professora de informática Luciana Amaral Souza, de 23 anos. Ela gosta da sua comunidade e, além da economia e do conforto, trabalhar dentro dela só faz aumentar sua sensação de pertencimento. Mas a professora teme que, ali, a sua vida entre num círculo vicioso. “As grandes empresas só contratam que já tem experiência comprovada”, lamenta. “Mas como, se elas não nos dão uma oportunidade?”
A professora Luciana gostaria de se qualificar para conseguir um emprego melhor, talvez no Rio de Janeiro. Mas sua situação é melhor do que a de seu vizinho Luiz Fernando da Silva, de 19 anos, que parou de estudar para atender às demandas da loja de material de construção para a qual trabalha há três anos. Além de não gostar da profissão que exerce, Luiz Fernando vê suas chances ainda mais reduzidas devido a um dos maiores problemas de trabalhar para pequenas empresas. “Não tenho carteira assinada”, queixa-se.
Morar, estudar e trabalhar em bairros da periferia deixa alguns jovens asfixiados. “Preciso respirar novos ares”, desabafa a distribuidora de panfletos Jéssica Fernandez, de 20 anos. Ela só não começou um movimento mais objetivo para realizar este sonho porque, ao concluir o ensino médio, há três anos, teve que arrumar um emprego para ajudar
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