quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Tratados como animais


Preconceito e indiferença do mercado dificultam a vida dos vegetarianos na Baixada
por Josy Antunes

Quando de trata de alimentação, o que predomina no gosto dos jovens são os hambúrgueres, cachorros-quentes, joelhos de presunto com queijo e afins. Principalmente naquelas refeições rápidas que costumam ser feitas entre um compromisso e outro, em lanchonetes ou em cantinas de escolas.

Porém, há alguns que optaram por um outro tipo de alimentação, excluindo de seus cardápios alimentos que contenham qualquer tipo de carne. São os vegetarianos.

Gisele Sales, moradora de Queimados, com 19 anos de idade, é vegetariana desde os seis. Sua mudança de hábitos com tão pouca idade, decorre de uma paixão que descobriu pelos animais: “Via vacas, porcos, galinhas, tantos animais andando livremente... E achava aquilo tudo uma maravilha, me apaguei aos bichos sem possuí-los. Daí é que eu pensei: 'como eu posso amar um animal e comê-lo no jantar?'” No início, Gisele encontrou resistência por parte de sua mãe. “Ela resistia pelo fato de que eu era criança ainda e precisava das proteínas.”

Iolanda Sales, preocupada com a saúde de sua filha Gisele, a obrigava a comer carne branca. Mas hoje em dia, é graças a ela que Gisele tem acesso a produtos como cereais à base de soja e tofu - que é semelhante ao queijo, mas tem por base a soja ao invés do leite – dificilmente encontrados na Baixada. “Tenho sorte por minha mãe trabalhar ao lado de uma loja de produtos naturais, na Zona Sul. Lá as lojas possuem muitas opções para vegetarianos.” Fazendo as devidas substituições na alimentação, Iolanda agora dá total apoio a filha, acreditando inclusive que a boa alimentação trará benefícios a sua saúde.

Peso no estômago
Foi justamente pensando na saúde que Robert Tavares aderiu ao vegetarianismo. “Me senti mais leve, bem disposto e até minha pele melhorou”, avalia Tavares, que tem 18 anos e é morador de Mesquita. “A soja não te deixa com aquela sensação de peso no estômago e pode ser usada substituindo a carne em pasteis, empadas, salgados e sanduíches, entre outros.” Ele também enfrenta dificuldades para encontrar alimentos como esses em lanchonetes e mercados: “Nos poucos mercados que vendem esses produtos, eles são colocados em um canto, ao invés de juntos com os demais.” Para Tavares, esse tipo de prática só faz reforçar o preconceito pelos produtos naturais.

Um breve giro pelo Centro de Nova Iguaçu é suficiente para comprovar a tese de Tavares. Gisele Sales chega a se irritar com a ditadura carnívora das lanchonetes do Calçadão, onde raramente se encontra algum salgado que não tenha carne como ingrediente. “Muitas das vezes sou obrigada a comer biscoitinhos na rua, por falta de opção”, queixa-se.

Produtos caros
O preço dos produtos também parece conspirar contra os vegetarianos. Por exemplo, uma caixa comum de Nuggets, feita à base de frango, custa por volta de R$ 5, enquanto uma à base de soja custa em média R$ 8. Uma das poucas opções baratas é a proteína de soja, que, se bem preparada e temperada, torna-se uma ótima companhia para pratos como macarronada e estrogonofe.

Vegetariano há nove anos, Luciano DeSilva tem que se virar para manter uma dieta saudável e barata, já que não gosta da proteína de soja. “A solução é variar meu prato, vira uma 'obra de arte', conta ele. A solução que encontrou abrange legumes, frutas e massas em enorme quantidades.

Assim como muitos vegetarianos usuários de sites como o orkut, Luciano também aderiu ao “V” na foto de seu perfil. O símbolo é usado para promover o vegetarianismo e acabar com o preconceito, que muita gente ainda insiste em ter. “Fazer o bem, infelizmente é mal visto”, diz Luciano.

Um comentário:

  1. Não dou adepta do vegetarianismo mas gostei da matéria, principalmente por contar histórias de pessoas que optaram por esse estilo de alimentação diferentes formas. Seria legal o blog abordar outras meios de cuidar da saúde pessoal e do planeta sem ser deixando de comer carne.

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