quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Do Méier para o MUNDO

Dj Marlboro agita a festa de encerramento do Projeto Juventude Cidadã

Por Brenno Stock
Fernando Luiz Mattos da Matta, popularmente conhecido como DJ Marlboro, é o pai do funk carioca. Além de Dj, também é escritor nas horas vagas e produtor fonográfico. O funk que antes era coisa de "preto e favelado", vem animando festas de elite hoje em dia.

Numa entrevista exclusiva ao JOVEM REPÓRTER, ele nos mostra que o sucesso de 24 anos de carreira não subiu à cabeça. Malboro falou da sua empreitada internacional e como a mídia tem repercutido o funk e seu trabalho. Antenado, o dj vem dominando as rádios e várias ferramentas da internet como o MYSPACE, FOTOLOG, LAST.FM e comunidades do orkut. O DJ tocou na festa de encerramento do Projeto Juventude Cidadã promovido pela Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu. A festa? Bombou, é claro!

Jovem Reporter: Quando começou sua ligação com o funk?
Marlboro:
Comecei em 77, sou DJ há 30 anos, faço baile e toco funk. Eu sempre toquei Black Music, sempre toquei música negra. A Tendência na época era até mesmo internacional. O funk nacional não existia naquela época, só o internacional. E em 88, o Hermano Vianna fez a uma tese de mestrado que acabou virando um livro chamado “O Baile Funk Carioca”, daí eu ganhei uma bateria eletrônica e eu mesmo comecei a fazer as letras de funk, a formular as músicas e inventar os artistas, meu primeiro show foi em 89.

JR: E o que mudou de lá pra cá?
M: O funk ganhou cada vez mais originalidade, mais autenticidade, cada vez mais ficou desligado da coisa da origem internacional e ficou mais nacionalista, misturado com forró, com pagode e com axé. Cada vez mais ficou como uma coisa brasileira.

JR: E por que o funk carioca é tão original?
M: Porque o funk que se faz no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, não se faz em nenhum outro lugar do mundo. Essa originalidade se dá em virtude da galera, dos DJ’s dos MC’s. Há um tempo atrás era discriminado, as pessoas não davam nem um “alô” e até chamavam a música de marginal e desclassificada - até porque o funk é representado por uma população carente, que já era marginalizada. Hoje o funk dominou o mundo inteiro: Japão, Estados Unidos, Europa. Antes as pessoas falavam assim:
- Caramba! E a gente pensou que não ia chegar em lugar nenhum.
Agora está aí, conquistando o mundo.

JR: Como a mídia vem mostrando o funk?
M: De todas as formas. Graças a Deus parou a perseguição, de que tudo de ruim que acontecia na cidade era culpa do funk.
- Houve um arrastão ali.
- A culpa é do funk.
- Quebra-quebra não sei aonde.
- A culpa é do funk.
Quer dizer, pararam com isso, mas ainda continua com a discriminação de alguma forma. De algum otário, de alguma autoridade que não conhece o funk e que fica perseguindo, proibindo ou coibindo o funk.

JR: Depois de produzir a cantora M.I.A., do Sri Lanka, você está produzindo algum outro artista internacional?
M: Eles estão sempre se apropriando do funk. Tem vários artistas internacionais que estão pegando a batida do funk e fazendo produção, pegando as coisas daqui e começando a fundir com outras. Fico muito feliz por hoje estar sendo copiado por artistas internacionais, eu não imaginava que isso pudesse acontecer. Imaginava que o funk fosse conquistar seu espaço, o respeito da mídia e da população, e eu não ia ver isso. Imaginei que isso só fosse acontecer quando eu já estivesse morto ou aposentado, bem velhinho. Mas graças a Deus vi isso em vida.

JR: Quais são os novos nomes do funk para 2008?
M: Tem muita gente, tem o Jamay, Vinny e Will, Mayara, tem vários . O funk é um grande caldeirão de novidades.

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