Por Willian Faria da Costa.
Imagem - Mazé Mixo, editada por Evio Nobre.
Uma palestra bastante polêmica agitou o primeiro dia de atividades autogestionadas realizadas pelo Fórum Mundial de Educação. Sob o tema "A escola não está com nada", jovens que abandonaram a sala de aula puderam falar sobre os motivos que tornam a escola tão distante da realidade de quem a freqüenta. O público dessa mesa, bem diversificado, era formado por pessoas ligadas à educação, à proteção da criança e adolescente e entusiastas da aproximação entre escola e aluno.
O diálogo, conduzido por Marcus Faustini, Secretário de Cultura da cidade, teve a presença de dois jovens que residem em abrigos públicos. Os relatos sinceros e desconsertantes desses jovens alimentaram a curiosidade dos educadores que buscam novos métodos de ensino e atividades complementares que despertem o interesse e evitem a evasão escolar.
Segundo os jovens, a escola se preocupa em formar profissionais e acaba esquecendo do seu papel na formação do cidadão. Com isso, o espaço que deveria ser de experimentação se transforma em celeiro de regras e formalismos para atender às exigências do mercado.
- Os professores não nos entendiam, só se preocupavam em jogar a matéria no quadro e nada mais. O colégio era muito cheio de regras - disse M., um dos jovens que largou os estudos.
Outro problema enfrentado pelos jovens é a falta de atividades externas, culturais e esportivas.
- Como eu já ficava muito preso em casa, na escola queria viver a liberdade e não podia. No colégio, eu gostava de esportes, aulas externas, artes e educação física. O professor de educação física conversava com a gente.
Os professores revelaram que há dificuldade de diálogo entre eles e os pais dos alunos, fator que permitiria a aproximação do professor com a realidade vivida pelo aluno.
O debate foi encerrado com a compreensão de que professores, alunos e pais têm que conviver mais próximos para que a formação da criança seja integral.
Quando perguntado se agora, com o entendimento da importância da formação escolar, gostaria de ser professor, S. mandou "na lata": "só se for de grafite".
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